Anunciada nesta semana, a sucessão na Karsten é uma espécie de “acordo de cavalheiros” que vinha sendo costurado há pelo menos dois anos. O industrial Armando Hess de Souza já havia manifestado internamente o desejo de deixar a presidência da sexta empresa mais antiga do Brasil ainda em funcionamento. Pela proximidade com o executivo – ambos trabalham juntos há mais de 20 anos, desde os tempos de Dudalina –, Márcio Luiz Bertoldi despontou como o nome natural para assumir o cargo.

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Bertoldi foi indicado e aprovado por unanimidade pelos conselheiros da empresa, entre eles três nomes ligados à família fundadora: Gil Karsten, João Karsten Neto e Carlos Odebrecht. Apesar de não exercerem funções na linha de frente, o trio ainda tem influência na gestão da centenária fabricante de artigos de cama, mesa e banho.

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Mudanças recentes no organograma da administração da Karsten deram pistas sobre o movimento que agora se tornou público e que irá se concretizar de fato em 1º de janeiro de 2024. Em junho do ano passado, Bertoldi migrou da diretoria administrativa, financeira e de Relações com Investidores para assumir o cargo de diretor de Varejo. A experiência de ter que lidar com lojistas e clientes na ponta serviu como um “estágio preparatório” para a presidência, admitiu o executivo em conversa com a coluna na última quarta-feira (25).

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Antes disso, Bertoldi teve papel fundamental no que foi um dos grandes feitos da atual gestão, que assumiu a Karsten em 2014. Ele capitaneou o processo de renegociação do pagamento de uma dívida milionária com bancos, relacionada a debêntures (títulos de dívidas), avaliada em pouco mais de R$ 500 milhões. O imbróglio, que se arrastava há anos, restringia o acesso da empresa a crédito para investimentos e deu um importante recado de credibilidade ao mercado.

Agora o futuro presidente diz que o objetivo é dar sequência ao que já vem sendo feito. Aprimorar a gestão das marcas Karsten e Trussardi, desenvolver as pessoas do time e avançar no varejo são alguns dos desafios apontados por Bertoldi, que considera que a pandemia “nos colocou mais próximos do consumidor final”. Entre 20% e 25% do faturamento da empresa já vem de canais próprios de venda – seja da rede de lojas físicas ou pelo e-commerce. Apesar do crescimento, há espaço para evoluir.

— Somos uma indústria de 141 anos que ainda precisa de aprendizado para varejar — pondera.

Período “sabático”

Ao contrário do movimento mais comum nesse tipo de situação, Armando Hess de Souza deixará a presidência da Karsten sem migrar para o conselho de administração. Ele considera ter encerrado um ciclo na companhia:

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— A grande motivação é por novos projetos e rotinas — confidenciou à coluna.

O industrial diz que quer tirar um período “sabático”, embora rechace a ideia de um “adeus” definitivo da Karsten. Apesar de deixar a presidência em 2024, ele ainda continua por mais tempo à frente de outra empresa, a Renauxview, de Brusque.

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