A notícia de que a Bierland está à venda balançou o mercado, com componentes emocionais envolvidos. Não se trata de qualquer cervejaria: a marca, ao lado da Eisenbahn, é uma das precursoras de um movimento de fortalecimento das cervejas artesanais da região do Vale do Itajaí, e mais tarde de Santa Catarina, que ganhou corpo a partir do início dos anos 2000. Por isso não é exagero afirmar que ela teve contribuição inestimável para a consolidação de Blumenau como capital brasileira da bebida.
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São muitos os fatores que colocam a Bierland, fundada em 2003, em uma posição de vanguarda. Registros da Secretaria de Turismo e Lazer indicam que a marca foi a única a bater ponto em todas as edições da Oktoberfest Blumenau desde 2005, quando a festa abriu espaço para as artesanais da cidade.
Cervejaria premiada e veterana da Oktoberfest Blumenau está à venda
Curiosamente, é a cervejaria local que costuma ser campeã de vendas no evento, graças a uma combinação de qualidade e localização estratégica no setor 1. Pelo “melhor ponto” da Vila Germânica, a empresa desembolsou R$ 444 mil na licitação, válida para duas edições, lançada em 2023. Nenhuma outra marca artesanal fez investimento tão alto para estar na maior festa alemã das Américas.
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A cervejaria também foi uma das primeiras da região a apostar em latas, em uma estratégia para ganhar escala no negócio.
Como a coluna revelou durante a semana, a intenção dos sócios de vender a Bierland não é de agora. Pesou um cansaço dos gestores e o desejo de sair do negócio. A empresa optou por paralisar a produção com o caixa em dia, sem dívidas e com a marca em alta, o que torna seu valor de mercado maior.
Por trás da decisão, no entanto, está uma conjuntura pouco favorável às artesanais: aumento de custos de produção, carga tributária elevada e concorrência desproporcional com gigantes do setor, que têm um portfólio amplo de marcas – garantindo a “variedade” – e poderio financeiro para negociar descontos e exclusividade em eventos e pontos de venda. Todos esses fatores pesam contra.
— A dificuldade da Bierland é a mesma de todos — confidenciou à coluna um concorrente direto da marca.
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Operações consorciadas e fusões entre marcas, como já aconteceu com Schornstein, Glasvoll e Alles Blau, representam movimentos para enxugamento de custos e entrada em novos mercados que tendem a se intensificar dentro do setor diante de um cenário mais desafiador para a sobrevivência, avaliam empresários ouvidos pela coluna.
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