Cervejarias de Blumenau e região estão mesmo dispostas a fazer da Oktoberfest uma festa caseira. Entidades que representam o setor bolaram um plano para que somente marcas locais tenham chope jorrando das biqueiras espalhadas pela Vila Germânica. A proposta, se levada adiante, revolucionaria o evento e eliminaria a presença de uma grande multinacional como patrocinadora principal, modelo consolidado nos últimos anos com a Heineken (Eisenbahn) e a Ambev (Spaten).

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Liderados pela Associação Vale da Cerveja e pelo Sindicato das Indústrias de Bebidas do Estado de Santa Catarina (Sindibebidas-SC), os cervejeiros locais formalizaram a sugestão em um ofício entregue nesta sexta-feira (13) ao prefeito Mário Hildebrandt (Podemos). Na visão deles, há duas possibilidades de formatação consideradas ideais para a Oktoberfest: um consórcio único, composto por até 20 cervejarias, ou quatro consórcios de cinco empresas (uma grande, duas médias e duas pequenas), cada um deles responsável por um dos setores da Vila Germânica. Quem ficasse com o Biergarten, o menor dos pavilhões, abraçaria também a praça de alimentação na área externa.

Ranking revela as marcas de chope preferidas do público da Oktoberfest Blumenau

Em qualquer um dos modelos, a festa seria regada por 20 empresas da região, que ocupariam todos os 20 pontos de bebida da Vila Germânica – em 2022 elas ficaram com oito. Os estandes teriam tamanhos variados, de acordo com as características de cada fornecedor. Na avaliação dos cervejeiros, cada pavilhão teria capacidade para vender 150 mil litros de chope e poderia contar com um patrocinador específico para geração adicional de receita à organização. As marcas locais também topam assumir as despesas com decoração, que são altas – fala-se em quantia superior a R$ 5 milhões –, desde que os consórcios ficassem isentos de desembolsar valores iniciais e que outras contrapartidas financeiras, como as condições sobre as comissões sobre vendas, fossem revistas.

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O plano surgiu de debates entre os cervejeiros, que garantem ter capacidade para abastecer um evento do porte da Oktoberfest. O Vale da Cerveja diz que congrega 16 empresas – há outras que estariam interessadas em se somar à associação – que juntas já fabricam mais de um milhão de litros por mês e ainda têm capacidade instalada ociosa. A viabilidade, entretanto, esbarra em alguns obstáculos.

Embora veja a ideia com bons olhos, a prefeitura tem resistências relacionadas ao retorno financeiro. No formato atual, o posto de cervejaria oficial exige alta capacidade de investimento. Em vias de ser lançada, a licitação válida para os próximos anos, por exemplo, deve cobrar da vencedora a construção de um boulevard na Vila Germânica, que não será barato. O modelo desonera o setor público de custos e tem se mostrado exitoso com as sucessivas quebras de recordes de superávit nos últimos anos, com lucro revertido para outras ações do turismo de Blumenau, tornando-o mais difícil de ser questionado. Ao mesmo tempo, no entanto, limita a concorrência a um grupo mais restrito de empresas.

Por que só as artesanais

No ofício entregue ao prefeito, as entidades apresentam uma lista de motivos que justificariam uma Oktoberfest apenas com cervejarias artesanais de Blumenau e região. Elas alegam que isso reforçaria a vocação cervejeira do município, fortalecendo o polo local e o status de capital brasileira da bebida – um título que segundo representantes do setor estaria sendo cobiçado por outras cidades.

Além disso, caso a proposta seja implementada, as empresas dizem que poderiam se programar para aumentar a capacidade de produção, com investimentos em fábricas que gerariam mais emprego e renda e manteriam o dinheiro, incluindo arrecadação de impostos e receitas geradas na festa, circulando na região.

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O maior protagonismo também ajudaria as marcas regionais, ainda de acordo com as entidades, a ampliarem mercado no restante do Brasil, valorizando a mão de obra e as empresas locais, além de beneficiar o público que comparece à Oktoberfest com um leque maior de cervejas.

A proposta está na mesa. De Hildebrandt, que sai de férias na próxima segunda-feira (16), as entidades ouviram que teriam um retorno no máximo até fevereiro.

Aliás

Em setembro do ano passado, Associação Vale da Cerveja e Sindibebidas-SC já haviam vindo a público defender a Oktoberfest Blumenau só com marcas locais. A diferença é que, naquela época, tratava-se apenas de um manifesto. Agora há proposta formalizada para que a prefeitura avalie o pleito.

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