As cervejarias de Blumenau e região bolaram uma proposta alternativa para a Oktoberfest, em parte mais flexível à pauta que pedia que somente chope produzido no Vale Europeu jorrasse das biqueiras da Vila Germânica durante o evento. O “Plano B”, no entanto, morreu na praia e sequer chegou a ser tornado público. Quando ficou pronto para ser apresentado à prefeitura, a licitação que vai definir qual marca ostentará o título de cerveja oficial da festa pelas próximas seis edições estava prestes a ser publicada. Já não havia mais tempo para mudar a história.

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A nova proposta foi gestada em reunião interna de representantes das cervejarias realizada na última quarta-feira (22) e representaria um meio termo diante da relutância do poder público em mudar o atual formato da Oktoberfest. Duas sugestões foram elaboradas. A primeira abrangia um edital 100% voltado às artesanais, mas sem a obrigatoriedade da construção do boulevard na Vila Germânica. Com investimento estimado em R$ 7,7 milhões, a ideia é que a estrutura fosse alvo de uma licitação à parte.

A segunda opção seria dividir a Oktoberfest meio a meio. Dos 24 pontos de venda espalhados pela festa, 12 ficariam para a cervejaria oficial, numa disputa voltada a marcas nacionais, e os outros 12 acabariam reservados a empresas de Blumenau e região. Essa nova configuração atenderia parte da reivindicação da categoria porque aumentaria em 50% a participação das artesanais. Na edição de 2022, elas ficaram com oito estandes – a Spaten tinha 16.

Com o plano alternativo debaixo do braço, o presidente da Associação Vale da Cerveja, Valmir Zanetti, pediu uma reunião com a prefeitura já no dia seguinte, quinta-feira (23). Ele conseguiu uma agenda e foi recebido pelo secretário de Turismo e Lazer, Marcelo Greuel. O empresário apresentou as propostas, mas foi informado que, àquela altura, a licitação já estava a caminho do mercado, sem mais nada que pudesse ser feito. Apesar de incapaz de mudar o rumo das coisas, a conversa entre ambos transcorreu em clima amistoso.

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Opinião

Não se sabe até que ponto as novas condições sugeridas pelas cervejarias locais interfeririam no debate. Pela postura da prefeitura diante da situação, soaria improvável uma mudança maior neste momento por dois motivos: o atual formato está financeiramente consolidado e possivelmente haveria riscos de atraso no processo se as alterações fossem adiante.

Mesmo sem alcançar o objetivo inicialmente proposto, o movimento em defesa de uma Oktoberfest artesanal, porém, sai fortalecido. Colocou a caravana na rua e amplificou uma discussão antes restrita aos bastidores. As cervejarias locais não descartam formar um consórcio para disputar a licitação lançada na última semana. Se não vencerem, devem utilizar o próximo ciclo de seis anos para amadurecer a pauta e ganharem corpo para retomá-la no futuro.

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