O sobrenome entrega a origem: João Vitor Hess de Souza tem a camisaria no DNA. Neto de Rodolfo de Souza, o Duda, e Adelina Hess de Souza, casal que juntou mais do que os próprios nomes para criar a Dudalina, o jovem de 31 anos estabeleceu uma missão: resgatar a tradição da família com camisas. Mas em voo solo e com identidade própria, já que a empresa criada pelos avós em 1957, na cidade de Luiz Alves, já não é mais comandada pelos herdeiros desde a venda em 2014 para a varejista Restoque.

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Há dois anos João Vitor se dedica à J. Hess, que produz camisas masculinas sob medida feitas de linho e algodão egípcio e com botões de madrepérola. O ateliê fica em um charmoso endereço na Rua Hermann Hering, em Blumenau – coincidência ou não, praticamente ao lado da antiga casa dos avós. O negócio ainda é pequeno: conta com apenas uma funcionária, costureira com mais de uma década de experiência na Dudalina. Por outro lado, a estrutura enxuta proporciona um serviço intimista e exclusivo. É o próprio dono quem tira as medidas da freguesia.

— Eu acho que existe uma carência de camisas sob medida, uma coisa que hoje é vista até como algo mais antigo. Acho que esse prazer de se vestir bem tem que ser mais acessível — idealiza.

Assim como muitos de seus tios e primos, João Vitor cresceu em meio aos negócios da família. Entrou na Dudalina em 2011 como estagiário, período em que a empresa vivia o auge e estava em forte expansão, impulsionada pelo lançamento de uma linha feminina de camisas em 2008. Do estágio passou a vendedor em uma loja conceito da marca em São Paulo e mais tarde virou assistente na produção executiva de campanhas fotográficas.

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Com um ano de empresa, foi convidado a passar uma temporada em Milão, na Itália, onde a marca abriria seu primeiro showroom na Europa. Lá teve o primeiro contato com a alta-costura. E saiu maravilhado com a elegância italiana na confecção de uma camisa personalizada, com caimento perfeito e atenção aos detalhes, com as iniciais do nome bordadas.

A volta às origens

João Vitor já havia retornado ao Brasil quando a Dudalina foi vendida, primeiro, a dois fundos de investimento americano, em 2013. Desanimado com as perspectivas de futuro da empresa, decidiu investir em reflorestamento de eucalipto com o pai. Apesar da experiência válida, sentia que ainda não estava realizado. Foi em 2018, quando teve dificuldades para achar um bom alfaiate para fazer a camisa do próprio casamento, que viu uma oportunidade para retornar às origens.

A J. Hess nasceu no ano seguinte, após 10 meses de pesquisas e preparação. A nostalgia não ficou restrita à origem familiar. Além da própria costureira com anos de Dudalina, João Vitor trouxe para o negócio o know-how e até mesmo antigos modelistas e fornecedores de tecidos da empresa. E adicionou uma pitada de tecnologia. Praticamente todo o processo de desenvolvimento e programação de corte é digital.

— A gente brinca até que é como se fosse uma Dudalina sob medida — conta.

Por ser um produto mais exclusivo, a produção também é mais restrita. Atualmente são cerca de 60 peças sob medida feitas por mês, com tecido, cores, colarinhos e punhos escolhidos pelos clientes. O prazo de entrega é de em média 15 dias úteis a partir do pedido e os preços variam de R$ 529 a R$ 599, dependendo do tipo de tecido.

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Embora esteja focado no ateliê, o herdeiro da Dudalina sonha em seguir trajetória semelhante à da empresa da família um dia. Isso inclui o lançamento, no futuro, de uma linha de camisas prontas.

Depois de passar pela empresa da família, João agora quer consolidar marca própria
Depois de passar pela empresa da família, João agora quer consolidar marca própria (Foto: Patrick Rodrigues)

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