Nem indústria, nem comércio, muito menos tecnologia da informação ou construção civil. Todos esses setores da economia ajudaram, mas nenhum deles contribuiu tanto para alçar Blumenau ao topo do ranking de geração de emprego em Santa Catarina no primeiro semestre de 2022 como a administração pública. E a prefeitura tem participação direta nisso.
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Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados na última semana pelo Ministério do Trabalho e Previdência, apontam que a cidade criou 6.570 postos de trabalho formais, com carteira assinada, entre janeiro e junho deste ano. O número corresponde à diferença entre contratações (45.030) e demissões (38.460) feitas no período e é superior aos resultados de Joinville (6.254) e Florianópolis (5.768), cidades com população maior e que aparecem na sequência da lista.
Mas há um porém na estatística. Deste total de novas vagas, 2.010, o equivalente a 30,5%, foram criadas diretamente pelo próprio município. Não se trata de inchaço do funcionalismo, como uma primeira leitura poderia sugerir, mas de um modelo de gestão adotado por Blumenau.
Não é de hoje que a prefeitura vem recorrendo a contratos temporários para recrutar servidores principalmente das áreas de educação, saúde e desenvolvimento social. Estes vínculos, que têm prazo de validade, normalmente são firmados no início do ano, elevando o saldo local de emprego no primeiro semestre.
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Os chamados ACTs (admitidos em caráter temporário) representam atualmente cerca de um terço dos 9,3 mil servidores públicos de Blumenau. São 3,1 mil profissionais nessa condição no município, 2,1 mil deles só na área da educação. A grande maioria é contratada no início do ano letivo da rede pública de ensino, informação confirmada à coluna pela área de recursos humanos ligada à Secretaria de Administração. Não à toa, os dados do Caged revelam 1.746 admissões na administração pública em fevereiro.
Só que os vínculos com os ACTs são encerrados com o fim das aulas, em dezembro, mês em que historicamente Blumenau acumula saldo negativo de empregos – em 2021, por exemplo, houve perda geral de 4,3 mil postos de trabalho, sendo 1,7 mil deles da administração pública. É um ciclo que se repete: as contratações na largada do ano “inflacionam” o resultado do emprego, que volta à sua “normalidade” às vésperas da mudança de calendário.
Em Joinville e Florianópolis, para ficar no trio das maiores cidades do Estado, a administração pública em geral tem peso menor no saldo acumulado de 2022, de acordo com dados do Caged.
Apesar desta peculiaridade, as vagas de ACTs em Blumenau não deixam de contar como emprego, claro, já que geram renda para blumenauenses e ajudam a movimentar a economia local. Mas colocam um asterisco que sempre precisa ser considerado quando se analisa os números do mercado de trabalho local.
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Saldo de vagas em Blumenau em 2022
Diferença entre contratações e demissões feitas de janeiro a junho:
Serviços – 4.584*
Indústria – 1.145
Construção – 576
Comércio – 258
Agropecuária – 7
Total – 6.570
*2.010 vagas são da administração pública em geral
Fonte: Caged, Ministério do Trabalho e Previdência
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