Caso se prolongue demais, a paralisação de obras pactuadas pelo Plano 1000 tende a provocar um efeito cascata negativo às prefeituras de Santa Catarina — o que já tem despertado preocupação entre prefeitos de cidades de todos os portes.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Blumenau e região por WhatsApp

Além da sensação de abandono junto à comunidade, a demora para retomar os trabalhos pode fazer com que os valores contratados fiquem rapidamente defasados, dado o aumento de custos da construção civil.

Há quem preveja que as empreiteiras ou desistirão do serviço ou cobrarão generosos aditivos. Neste cenário, tempo é dinheiro. Literalmente.

Continua depois da publicidade

Bilhões pendentes

Como mostrou reportagem do NSC Total, nesta semana, municípios catarinenses cobram juntos até R$ 3,2 bilhões do governo do Estado para as obras hoje paradas e que tinham promessa de contar com repasses do programa. O governo Jorginho Mello (PL) promete honrar parte do valor.

Lançado em 2021 sob grande empolgação de prefeitos, o Plano 1000 previa duas versões de repasse aos municípios: a transferência especial, apelidada de “Pix do Moisés”; e o modelo de consórcio, para obras acima de R$ 5 milhões e que poderiam ter o custo dividido entre o Estado e o próprio município.

Entre as obras já iniciadas com recursos repassados via Pix, foi pago R$ 1,7 bilhão pelo Estado até aqui, mas ainda segue pendente R$ 1,1 bilhão.

Continua depois da publicidade

O governo Jorginho já sinalizou que deverá honrar esse valor a partir de um novo programa, o SC Levada a Sério, agora com novas diretrizes e desde que não haja oposição dos órgãos de controle aos contratos envolvidos — a Controladoria-Geral do Estado faz hoje um pente-fino das obras já iniciadas.

Ainda no fim do ano passado, sob gestão Moisés, o Ministério Público estadual (MPSC) já contestava a falta de transparência da aplicação dos valores e pediu a suspensão do Plano 1000. Já na última terça (24), ao julgar as contas do último ano do ex-governador, foi a vez do Tribunal de Contas catarinense (TCE-SC) pedir uma auditoria do programa devido à precariedade de sua prestação de contas.

A Fecam também identificou em seu relatório que há R$ 948 milhões em obras que não chegaram a ser iniciadas, mas que contavam com promessa de repasse via Pix.

Continua depois da publicidade

No fim do governo Moisés, uma portaria suspendeu os pagamentos dos contratos de parcela única ou que ainda não haviam tido a primeira parcela paga. O governo Jorginho já indicou que essas obras que não foram iniciadas dificilmente devem ser tocadas com recursos estaduais, alegando falta de capacidade dos cofres públicos, que hoje passam por um ajuste fiscal e aperto nos gastos.

Há ainda, segundo a Fecam, R$ 1,1 bilhão de convênios firmados pelo Plano 1000 que precisam ser pagos pelo Estado aos municípios — R$ 450 milhões já haviam sido quitados pela gestão anterior.

Toda a promessa do Plano 1000 era de destinar — em cinco anos — até R$ 7,3 bilhões para as obras de infraestrutura dos municípios. Foi efetivamente aplicado R$ 2,15 bilhões até aqui.

Continua depois da publicidade

Leia também

Projeto em Blumenau sugere “retrofit” para imóveis tombados vazios ou abandonados

Imóvel e marca da antiga Cristal Blumenau serão avaliados para irem a leilão

Egídio Beckhauser assume Secretaria de Esportes de Blumenau após cassação na Câmara

Projeto de R$ 300 milhões quer transformar área de estaleiro em SC em armazém de combustíveis

Receba notícias e análises do colunista Pedro Machado pelo WhatsApp