A antiga discussão sobre a municipalização do Complexo do Sesi, novamente manifestada pela prefeitura, não apenas resolveria o impasse em torno de um estádio de futebol em Blumenau. Nem se limitaria a abrir caminho para centralizar modalidades esportivas – e até mesmo outras estruturas administrativas – hoje espalhadas pela cidade, poupando os cofres públicos do pagamento de aluguéis. Incorporar o espaço na Rua Itajaí faz parte de uma estratégia maior do setor de turismo, eventos e lazer.
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Neste contexto, a visão dentro da prefeitura é que o complexo seria uma espécie de braço esportivo da atividade turística. Ele se complementaria à estrutura para eventos culturais e de negócios formada pelo Parque Vila Germânica e o futuro Centro de Convenções. E também às áreas de lazer impulsionadas por concessões à iniciativa privada, como a Prainha, o Frohsinn, o Museu da Cerveja, praças e o Mercado Público – cuja minuta do edital deve ser enviada em breve para análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC).
A edição de 2019 dos Jogos Escolares da Juventude, que teve a maior parte das modalidades em disputa concentradas no Sesi, deu uma amostra do potencial. Cinco mil atletas de todo o país passaram por Blumenau durante a competição organizada pelo Comitê Olímpico Brasileiro. Contando treinadores, dirigentes e familiares, esse número foi ainda maior, movimentando a rede hoteleira e a cadeia de serviços ligadas ao turismo. À época, a prefeitura calculou que o evento despejou R$ 35 milhões na economia local.
Juntos, Sesi e Vila Germânica formariam o maior complexo turístico do Brasil. Seriam quase 500 mil metros quadrados, área superior ao Anhembi em São Paulo, destacou o secretário de Turismo e Lazer, Marcelo Greuel, na primeira reunião, nesta quarta-feira (26), da comissão temporária formada pela Câmara de Vereadores que vai acompanhar as discussões. No papel o projeto é ambicioso. Na prática, exigirá uma complexa equação para se tornar realidade.
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Em fase de reestruturação de ativos, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) já demonstrou interesse em repassar o espaço à prefeitura, o que é um bom presságio. Mas a engenharia não é simples: por pertencer ao Sistema S, o complexo não pode ser simplesmente doado. E o município não tem caixa para despender valores que, ainda que não tenham sido totalmente calculados, certamente estariam fora da realidade orçamentária.
No momento a prefeitura trabalha no levantamento de informações sobre os espaços, custos de manutenção e quais são as sinergias do complexo com atividades desenvolvidas pelo município. Um primeiro esboço deste trabalho deve estar pronto até a próxima semana, quando vereadores farão uma visita in loco nas instalações – a agenda foi a primeira deliberação formal da comissão legislativa.
A tarefa, segundo Greuel, é encontrar um modelo de equilíbrio econômico-financeiro para tornar o projeto viável sem onerar o município – inclusive mantendo parte da vocação do local para a área de educação. Uma das possibilidades é a futura concessão, pós-municipalização, de alguns espaços do Sesi à iniciativa privada. As primeiras conversas com empresários já acontecem.
Do outro lado do balcão, a Fiesc aguarda os próximos passos da prefeitura. Vice-presidente regional para o Vale do Itajaí e interlocutor da entidade neste assunto, o empresário Ulrich Kuhn admite que a busca pela melhor solução não é simples. Mas diz que as intenções já estão claras e colocadas na mesa. Restaria apenas boa vontade das partes, que parece existir, para se chegar a um acordo.
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