Da esquerda para a direita: Salvatore Bruno Jr., portfolio manager da Vela, Victor H. Pereira e Carlos José Pereira, ex-sócios da Fácil, e Paulo Felipe Martins, presidente da Vela (Foto: Divulgação)
Uma das mais tradicionais empresas de tecnologia de Blumenau, que ajudou a fazer da cidade um importante polo nacional de desenvolvimento de softwares, está sob nova direção. A Fácil aceitou uma oferta de compra da Vela Software, braço da Constellation, uma gigante canadense listada na Bolsa de Valores de Toronto e que tem valor de mercado de 77,5 bilhões de dólares canadenses.
A aquisição, anunciada nesta sexta-feira (22), foi de 100% do negócio, mas os valores envolvidos são mantidos sob sigilo. O empresário Carlos José Pereira, que fundou e preside a Fácil, disse à coluna que a empresa já vinha desenhando um processo de sucessão e que chegou a avaliar a busca por um sócio minoritário.
Além da Vela, outras propostas pela Fácil surgiram, diz Pereira. Mas a dos canadenses foi a que mais agradou. Segundo o empresário, os novos donos devem manter a cultura e o corpo diretivo da companhia, que tem cerca de 240 funcionários.
— A operação fica normal em Blumenau — garante Pereira, que deixa o negócio e agora vai aproveitar a aposentadoria.
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A Fácil desenvolve softwares e soluções tecnológicas para a área jurídica. Os produtos da empresa atendem departamentos jurídicos de grandes companhias – a lista inclui nomes de peso, como Dell, Yamaha e Natura – e escritórios de advocacia. A empresa, no entanto, vem de uma origem diferente e curiosa.
Relembre outras empresas de Blumenau que foram vendidas
A Artex foi incorporada nos anos 2000 pela Coteminas (Foto: Reprodução)
A Mega Transformadores foi comprada em 2000 pela multinacional sueco-suíça ABB (Foto: Reprodução)
A Eisenbahn foi comprada em 2008 pelo Grupo Schincariol. Depois, foi negociada com a japonesa Kirin até ser adquirida pela Heineken (Foto: Divulgação)
Em 2008 a francesa Areva, fornecedora de equipamentos de energia, comprou a Waltec, que mais tarde passaria a integrar a Schneider Electric (Foto: Patrick Rodrigues, BD)
Em 2010 a Wheb Sistemas, fabricante de softwares de gestão de saúde, foi comprada pela multinacional Philips (Foto: Patrick Rodrigues, BD)
A Dudalina foi vendida em 2013 para fundos americanos e um ano depois acabou comprada pela Restoque, hoje Veste S.A (Foto: Patrick Rodrigues, NSC Total, BD)
Desde setembro de 2016 a Bermo, fabricante de válvulas e equipamentos industriais, faz parte do Grupo ARI Armaturen, da Alemanha (Foto: Divulgação)
A Baumgarten não foi vendida, mas em 2016 anunciou uma fusão com duas empresas alemãs que deu origem à All4Labels (Foto: Divulgação)
Em 2017, a CM Hospitalar, dona do Grupo Mafra (atual Viveo), anunciou a compra da Cremer (Foto: Luís Carlos Kriewall Filho, Especial, BD)
Desenvolvedora de softwares de gestão logística, a HBSIS foi comprada em 2019 pela cervejaria Ambev (Foto: Divulgação)
Em março de 2021, a Viveo comprou o Grupo FW, fabricante de lenços umedecidos e dona da marca Feel Clean (Foto: Patrick Rodrigues, NSC Total, BD)
Em 2021 a Cia. Hering aceitou uma proposta de compra do Grupo Soma (Foto: Patrick Rodrigues, NSC Total, BD)
Em 2021 a Hemmer foi comprada pela multinacional Kraft Heinz (Foto: Artur Moser, NSC Total, BD)
A Unimestre, que desenvolvia sistemas de gestão educacional, foi comprada em outubro de 2021 pela Plataforma A+ (Foto: Divulgação)
Em 2021 a fintech PagueVeloz aceitou uma proposta de compra feita pela Serasa (Foto: Pedro Machado, NSC Total, BD)
A agência de marketing digital A7B foi comprada em 2021 pela Adtail, empresa gaúcha do mesmo ramo (Foto: Divulgação)
Em 2021, o Laboratório Hemos foi comprado pelo Grupo Sabin, uma das principais empresas de medicina diagnóstica do Brasil (Foto: Divulgação)
Em 2021, a startup Velo foi comprada pela QuintoAndar, plataforma de moradia (Foto: Reprodução)
Em dezembro de 2021, a marca Sulfabril foi arrematada em leilão pela companhia têxtil catarinense Lunelli (Foto: Lucas Amorelli, BD)
A Movidesk, que oferece soluções tecnológicas de atendimento e suporte a clientes, foi comprada em dezembro de 2021 pela companhia gaúcha Zenvia (Foto: Divulgação)
Em 2021, a fabricante de etiquetas, tags e acessórios de moda Tecnoblu foi comprada pela canadense CCL Industries (Foto: Divulgação)
Quando surgiu, em 1987, a Fácil desenvolvia um editor de textos homônimo, o primeiro do gênero feito no Brasil. Um dos grandes diferenciais do programa era a adaptação ao idioma português, inclusive facilitando acentuações de palavras. Foi um sucesso de vendas para a época.
Mais tarde, porém, a concorrência com a gigante Microsoft, que entrou com força no mercado brasileiro com o pacote Office (que além do Word trazia o Excel e outros produtos), fez o Fácil perder espaço. Detalhes dessa história são narradas por Pereira no livro “O Analista de Blumenau”, lançado em 2012. Vale a leitura.
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— Posso dizer que, no Brasil, eu fui um dos primeiros que o “Bill Gates matou” — relembra com bom humor o empresário.
A situação demandou um ajuste de rota do negócio. Como muitos advogados já usavam o editor de textos, a empresa enxergou na área jurídica um filão para voltar a crescer.
Com a Fácil, a Vela completa 17 aquisições já feitas em países da América Latina.