Em 2018, o então desconhecido Comandante Moisés (PSL) era um azarão na política. Mas foi beneficiado pela avassaladora ascensão do bolsonarismo e se consagrou governador em uma eleição sem precedentes na história de Santa Catarina. Em 2022, o já bem conhecido Carlos Moisés (Republicanos) despontou como favorito na disputa pela reeleição. Mas tomou um caldo da mesma onda que surfara quatro anos atrás e ficou pelo caminho no primeiro turno.
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O que mudou? Para o catarinense, em princípio, nada ou quase nada. Via de regra, o eleitor do Estado manteve-se fiel a Jair Bolsonaro (PL): elegeu Jorge Seif (PL) ao Senado, fez Jorginho Mello (PL) colocar as duas mãos no governo do Estado – só uma façanha de Décio Lima (PT) tira dele a vitória em segundo turno – e deu ao partido do presidente as maiores bancadas da Câmara dos Deputados e da Assembleia Legislativa. O que se viu em 2022 foi uma nova onda, tão forte quanto a de 2018, só que agora sob outro número. Saiu o 17, entrou o 22.
Para Moisés é que as coisas mudaram. Ao longo do mandato, o governador cavou o próprio distanciamento da raiz do bolsonarismo. Surgiu na mídia nacional dando alfinetadas no inquilino do Palácio do Planalto, acenou para grupos minoritários como indígenas e LGBTs e chegou a defender o fim de incentivos fiscais para agrotóxicos. São todas pautas que vão na contramão da agenda do presidente.
O escândalo da compra fraudulenta dos respiradores no início da pandemia e os dois processos de impeachment também pesaram contra, mas concorrer à reeleição com um número diferente do de Bolsonaro talvez tenha sido a grande diferença.
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Além de reafirmar a força do atual presidente em Santa Catarina, o resultado das eleições no Estado revela que os seguidores de Bolsonaro não perdoam quem se desvia do caminho do seu grande líder. Isso justifica a tentativa da maior parte dos candidatos de colar a imagem no bolsonarismo. E também ajuda a explicar como alguém que tinha a máquina pública na mão sequer disputará o segundo turno.
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