A inércia do governo de Santa Catarina na gestão da crise do novo coronavírus provocou um efeito colateral adicional nas cidades, que se soma ao rápido aumento de casos, mortes e lotação de UTIs em hospitais. 

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Ao instituir um sistema de descentralização de medidas de combate à Covid-19, transferindo responsabilidades às prefeituras enquanto tenta emergir de um maremoto político, o governador Carlos Moisés lavou as mãos, e somente no sentido figurado a recomendação não é boa em tempos de pandemia. Por tabela, acabou alçando prefeitos a uma condição de protagonistas na gestão do enfrentamento ao vírus, papel que no início cabia ao governador – mas que ele parece já não fazer mais muita questão de exercer.

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Um decreto estadual publicado no dia 17 de abril já dava autonomia às prefeituras para adotar medidas mais restritivas. A maioria, no entanto, preferiu se manter alinhada às determinações impostas pelo Estado. Blumenau não fugiu à regra. 

Diante das reclamações de descontentes, o prefeito Mario Hildebrandt sustentava o discurso de que o fechamento de atividades não era obra sua e transferia a conta para Moisés. Acusado de falta de diálogo na definição das ações, o governador por um bom tempo foi um confortável escudo às críticas feitas aos chefes municipais.

A situação, no entanto, mudou. As novas medidas contra o coronavírus anunciadas no domingo (12) por Blumenau, que passaram a valer nesta terça-feira (14), podem até ser questionadas, mas são inegavelmente mais severas que as comunicadas pelo governo do Estado na segunda (13) – que, exceção feita a jogos do Campeonato Catarinense, apenas prorrogaram a proibição de atividades que já estavam suspensas. Neste ponto, não há mais sintonia entre governos municipal e estadual. Os pesos diferentes colocam Moisés e Hildebrandt em lados opostos.

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Se de um lado as novas regras determinadas por Blumenau atendem parte dos apelos de profissionais da saúde, preocupados com o veloz avanço da doença, por outro têm potencial para serem altamente impopulares, principalmente por proibirem a circulação de idosos e pessoas de grupos de risco e suspenderem o transporte coletivo. 

A reação inicial de aceitação de entidades empresariais às medidas pesa a favor do prefeito. No Brasil e no Estado o setor produtivo, de uma maneira geral, tem dado demonstrações de forte poder de influência na flexibilização do distanciamento em nome da economia.

Hildebrandt pedia autonomia para tomar decisões. Ela enfim chegou, acompanhada do devido peso das consequências – para o bem ou para o mal. 

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