O desânimo manifestado pelo secretário de Promoção da Saúde de Blumenau, Winnetou Krambeck, ao constatar que muitas pessoas não estão usando máscaras nas ruas da cidade faz crer que especialistas e autoridades da saúde muitas vezes falam para as paredes. É importante reconhecer e aplaudir quem, consciente da gravidade da pandemia, não dispensa o material de proteção. Mas o que dizer daqueles que simplesmente ignoram uma medida simples, porém tão essencial para evitar uma propagação ainda maior da Covid-19?
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É difícil acreditar que o desleixo se dê por falta de informação. O novo coronavírus, afinal, é pauta recorrente há praticamente dois meses nos veículos de comunicação, nas redes sociais, nos grupos de WhatsApp, nas conversas, nas ruas. Seria destemor? Tendemos a acreditar que, com fé e uma boa dose de sorte, ficaremos imunes à doença, apesar de o vírus já ter provado que escolhe suas vítimas aleatoriamente, entre todas as faixas etárias, entre saudáveis ou não.
Seria a crença na impunidade, a certeza de que desrespeitar uma regra, inclusive estabelecida por decreto municipal, não vai pesar no bolso? Em Blumenau, vale lembrar, o uso de máscaras em espaços públicos é obrigatório para todos — com exceção de crianças menores de dois anos ou pessoas com problemas respiratórios, inconscientes ou incapazes de remover a máscara sem assistência — desde o dia 20 de abril, mas não há multa para quem não cumprir a determinação.
Seria inconsequência? Nos atentaremos aos perigos de um vírus ainda pouco conhecido apenas quando a Covid-19 nos atingir? Ou somente quando ela nos tirar alguém próximo, um amigo querido, um familiar?
Ou seria a dificuldade de criar hábitos? É difícil, mesmo, se acostumar com a máscara. Ela atrapalha a respiração, dá a sensação de estarmos presos, incomoda. Mas é preciso fazer um esforço e compreender que, agora, ela é necessária. E indispensável, desde que usada corretamente — deixar o nariz descoberto ou pendurá-la no pescoço de nada adianta. Ainda não existe vacina nem remédio comprovadamente eficaz contra a doença, eis algo que tem de ser repetido o tempo todo.
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Seja o que for — e talvez seja um pouco disso tudo —, muita gente vai carregar o vírus mas não sentirá os sintomas. Como não há testes suficientes para todos, é impossível saber se a pessoa ao lado foi ou está infectada. A máscara não protege quem a utiliza, mas protege o outro, ajudando a frear a contaminação. Usá-la, portanto, é a maior demonstração de empatia ao próximo nesses tempos de pandemia. Na lógica inversa, ignorá-la é um gesto de egoísmo. Quem não usa máscara pensa apenas em si mesmo e não está nem aí para os demais.