Estrategistas de campanha costumam recomendar que o candidato líder nas pesquisas de intenção de voto resista a provocações para não se expor sem necessidade. No derradeiro debate presidencial das Eleições 2022 transmitido pela Rede Globo, na noite desta quinta-feira (29), Lula (PT) não seguiu o manual e escorregou na casca de banana atirada por Padre Kelmon (PTB), que se portou como linha auxiliar de Jair Bolsonaro (PL) durante todo o tempo – como já havia feito em outros programas.
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O bate-boca entre o ex-presidente e o petebista foi o momento mais constrangedor do encontro, ao ponto de o mediador William Bonner pedir desculpas aos telespectadores e cogitar chamar um intervalo em meio a acusações mútuas. Ao se indispor com um figurante, Lula mordeu a isca. Sequer foi necessário o esperado confronto direto entre os dois nomes que polarizam a disputa, que não aconteceu ao longo do debate. Bolsonaro terceirizou a armadilha ao candidato padre. E o petista caiu nela.
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Recortes desse embate devem ser explorados nas redes sociais bolsonaristas nos últimos dois dias antes das eleições, na tentativa de reforçar a narrativa de que Lula seria alguém descontrolado – em contraponto à pecha normalmente atribuída a Bolsonaro – e um perseguidor de cristãos. Isso pode ser um problema para o estafe petista, que acredita que a fatura pode ser liquidada no primeiro turno, possibilidade apontada nas pesquisas.
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O voto evangélico tem cada vez mais peso nas eleições e é um reduto onde Bolsonaro leva vantagem. Para Lula, resolver a parada já no próximo domingo (2) passa não só por convencer indecisos e eleitores de outros candidatos a migrarem para o que a esquerda chama de “voto útil”, mas também por ganhar terreno em fatias do eleitorado onde o apoio é menor.
Padre Kelmon tem o título contestado pela Igreja Ortodoxa – motivo pelo qual, supõe-se, Lula o acusou de impostor –, mas a essa altura do campeonato isso já é pormenor. A militância bolsonarista usará as imagens da troca de farpas com um religioso como parte dos esforços finais de mobilização. Numa campanha em que o eleitor nunca esteve tão decidido e pouco propenso a trocar o voto, resta saber se isso terá algum efeito ou será mais pregação aos já convertidos.
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