Eleito no último dia 15 de outubro, o empresário Eduardo Soares se prepara para assumir o comando da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Blumenau, uma das principais entidades empresariais da cidade, com cerca de 2 mil associados. Nesta entrevista, dividida em tópicos, Duca, como é conhecido, fala dos desafios da gestão a partir de 2021 e dos impactos e das consequências da pandemia no varejo local.
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Trajetória na CDL
— Há seis anos o Helio (Roncaglio, atual presidente) e o Ewald (Fischer Neto, então vice) estiveram na minha empresa. E eu, num momento de distração, disse que nunca tinha participado de entidade nenhuma, mas que toparia. Perguntei em qual diretoria, e eles disseram que isso seria visto depois. Valeu muito a pena entrar na CDL Blumenau e conhecer o movimento. Antes eu tinha outra impressão. Tem muita gente que ainda enxerga a CDL como simplesmente consulta de SPC, mas ela vai muito além disso. Temos uma representatividade hoje, na cidade, muito grande. Em nenhum momento entrei pensando que seria presidente.
Impactos da pandemia
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— Tivemos um momento ruim entre março e abril, que assustou muitos comerciantes. Alguns foram muito afetados. Quem não se preparou logo depois que as portas foram fechadas, quem ficou em casa esperando o que iria acontecer, esse talvez tenha tido uma dificuldade maior para se recuperar ou até mesmo reabrir. O lojista que sentou na cadeira no dia 19 de março com a loja fechada e pensou no fluxo de caixa, em como estava o recebimento de mercadorias, as encomendas, como iria reformular tudo isso e se planejou, esse, quando o comércio pode reabrir, estava alinhado. Nós sabemos que muitos comerciantes não fizeram isso. Esperaram a coisa vir e a ajuda do governo.
Retomada
— Quando (o comércio) reabriu, num primeiro momento, a coisa foi devagar. Mas o governo federal botou muito dinheiro no mercado, com liberação do fundo de garantia e ajuda emergencial. Em muitos ramos a retomada foi surpreendente, como móveis, materiais de construção, porque as pessoas estavam mais em casa, viram que precisavam trocar um colchão, um eletrodoméstico mais velho. Com o dinheiro que foi liberado, muita gente foi às compras.
Dificuldades enfrentadas
— Muita gente dizia que o governo não liberaria o crédito, que ele não chegaria, era balela e só os grandes iriam ganhar. Sentimos muito isso em abril, maio. A questão dos ônibus também (foi uma dificuldade), porque não adianta abrir o comércio e não ter ônibus. Muito lojista depende do consumidor que usa o transporte coletivo. Às vezes você tinha todo o comércio aberto, mas não tinha ônibus para trazer os funcionários. Muita gente preferiu afastar o funcionário não por falta de movimento, mas porque ficar pagando Uber onera, ainda mais para uma empresa pequena.
Transformação digital
— A rede social acelerou muito durante a pandemia. Ela já era utilizada como forma de divulgação, talvez não tanto na forma de venda. Era mais uma propaganda, não um pensamento de utilizá-la para a venda. Tem lojista que ainda esperava o cliente entrar pela porta. Para esse, acelerou. Mas a loja física não vai acabar. O que vai mudar, e está mudando, é o comportamento de compra.
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Aliada
— O lojista que não trabalhava os meios de comunicação começou a aprender na marra a divulgar os seus produtos nas redes sociais. As lojas físicas precisam entender que têm um aliado agora. Antes eu tinha uma vitrine na frente da minha loja com algumas coisas expostas. Hoje eu tenho essa vitrine e tantas outras que eu posso criar nas redes sociais, atingir públicos que talvez nunca passaram na frente da minha empresa e talvez nunca viriam.
Clientela fiel
— O lojista precisa entender que ele precisa de um cliente fiel, e não alguém que só está ali pelo preço. E aí você tem que ter uma equipe muito bem preparada. Esse é um grande desafio da CDL a partir da minha gestão: treinar os associados para essas novas formas de consumo digital, o tratamento com clientes. E fidelizar esse cliente. O cliente quer uma loja em que ele possa confiar.
Novas diretorias
— Vamos criar uma diretoria de inovação e marketing, voltadas às redes sociais, e outra de desenvolvimento, para desenvolver mais regiões (bairros) e setores. Por exemplo: fazer um trabalho direcionado para o bairro Garcia ou para o segmento de óticas, com treinamentos. O bairro hoje é muito forte. A maior parte dos nossos associados está nos bairros.
Eleições
— A gente elaborou uma carta de sugestões para os candidatos. A primeira é: não atrapalhe. O poder público, independentemente da esfera, às vezes atrapalha muito o desenvolvimento. Há candidatos que vêm com a mesma ideia, de facilitar o dia a dia do comerciante e os processos burocráticos. Há muita coisa que trava, o cara às vezes demora para conseguir abrir uma loja. É preciso facilitar a vida do comércio. Essa é uma reivindicação. Mobilidade também, com certeza, Blumenau precisa mudar. A gente tem falado muito do transporte público e a gente sabe que o modelo atual não se paga e cada vez vai se pagar menos. É preciso repensá-lo.
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Natal
— O Natal é a melhor data para o comércio. A CDL entende que será um ano bom de vendas. Estamos com um problema de falta de matéria-prima no Brasil, isso é verdade. O lojista que procurou dois, três meses atrás se estocar, e isso já era um desafio em uma pandemia, deve se sair melhor. Mas acredito que será um Natal melhor que o ano passado porque foi injetado dinheiro do governo federal, com os auxílios emergenciais. A CDL está lançando novamente a sua campanha de Natal, com R$ 100 mil em prêmios e vales-compras que voltam para o comércio. A expectativa é boa.
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