A Cia. Hering não ficou imune aos efeitos da crise econômica provocada pelo novo coronavírus e, a exemplo de outras grandes empresas da região e de todo o Brasil, precisou enxugar a operação. Na última semana, a companhia desligou cerca de 170 funcionários da matriz, em Blumenau. Os cortes também atingiram algumas lojas próprias e outras plantas industriais espalhadas pelo país. Ao todo, foram em torno de 750 demissões desde o início da pandemia.
Continua depois da publicidade
> Em site especial, saiba tudo sobre o novo coronavírus
— O esforço está sendo enorme para preservar o nosso quadro, mas alguns ajustes têm de ser feitos, não tem jeito — justificou o presidente da companhia, Fabio Hering, em entrevista ao blog, acrescentando que foi “uma decisão a contragosto”.
Os impactos do desaquecimento são visíveis em praticamente todos os setores da economia, e na Cia. Hering, cujo modelo de negócio mescla indústria e varejo, não é diferente. A companhia decidiu fechar todas as suas lojas próprias a partir do dia 19 de março e recomendou o mesmo para a sua rede de franqueados, mesmo em locais onde ainda não havia, até então, restrições de atividades. As atividades nas fábricas foram suspensas por 15 dias, com férias coletivas para a maior parte dos funcionários, e a operação do centro de distribuição foi reduzida para 20% do contingente.
A empresa também aderiu à Medida Provisória 936, editada pelo governo federal. Suspendeu contratos de trabalhadores e reduziu jornadas e salários. Foi uma medida “das cabeças aos pés”, segundo Fabio, que atingiu também diretores e membros do Conselho de Administração.
No caso de cerca de 2 mil funcionários que ganham até R$ 3.135 e tiveram os vencimentos proporcionalmente reduzidos, a empresa decidiu por conta própria antecipar a cota do salário que caberia ao governo. O montante gira em torno de R$ 1,9 milhão e será reposto ao caixa da companhia quando a União fizer o pagamento.
Continua depois da publicidade
Em comunicados divulgados ao mercado, a companhia justificou as medidas ao reforçar “o cuidado com as pessoas e seu compromisso com a transparência, responsabilidade social e senso de urgência”. Segundo Fabio, é preciso preservar a saúde financeira da empresa para que ela esteja preparada para retomar um novo ciclo de crescimento quando o cenário se normalizar, embora não se saiba quando isso irá acontecer. No início de abril, a visão da Cia. Hering era de que a situação melhoraria em maio. Mas isso, como se sabe, não se confirmou.
— Tenho muitos anos de companhia e de vida e nunca vivi uma situação dessas, de ficar com as lojas fechadas, tudo parado — conta Fabio, que diz que 2020 “é um ano perdido”.
No dia 28 de abril, a empresa divulgou novo fato relevante, informando a reabertura gradual das lojas. Ainda assim, apenas 148 das cerca de 750 unidades da rede estão, hoje, de portas abertas, segundo o presidente. A maior parte dos pontos de venda (cerca de 75%) fica dentro de shoppings, que seguem fechados em muitos estados e, onde operam, viram o movimento cair drasticamente. São Paulo, por exemplo, que representa 45% das vendas da companhia, continuará em quarentena até 31 de maio.
Ataque no digital
Com o varejo físico capenga por causa da pandemia, a Cia. Hering voltou ainda mais suas atenções ao mercado digital. Embora represente uma fatia muito pequena (6%) da receita total, a operação de e-commerce da companhia dobrou as vendas em abril e nos primeiros dias de maio. Em poucas semanas, a empresa também preparou um time de 2 mil “social sellers”, representantes que vendem peças das marcas da companhia pela internet com a ajuda de catálogos virtuais.
Continua depois da publicidade
Para Fabio, esses vendedores não deixarão de utilizar este canal quando todas as lojas estiverem reabertas e o futuro do negócio passa cada vez mais pela integração entre físico e digital no varejo do chamado “novo normal”.
Doação
A Cia. Hering anunciou nesta terça-feira (12), data em que se comemorou o Dia do Enfermeiro, a doação de seis mil camisetas brancas, um ícone da marca, a enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem de Blumenau. As peças serão enviadas a profissionais dos hospitais Santa Catarina, Santo Antônio e Santa Isabel, além do Conselho Regional de Enfermagem, que ajudará na distribuição.
Antes disso, a companhia já havia produzido e doado uniformes a profissionais da rede de saúde e, no momento, está confeccionando 300 mil máscaras de tecido que serão entregues à população em vulnerabilidade social de Goiás.
Quer receber notícias e análises de economia, negócios e o cotidiano de Blumenau e região no seu celular? Acesse o canal do blog no Telegram pelo link https://t.me/BlogPedroMachado ou procure por "Pedro Machado | NSC" dentro do aplicativo.
Continua depois da publicidade