Preservar a saúde das pessoas é prioridade absoluta neste momento de combate ao novo coronavírus. Por outro lado, surgiram legítimas aflições sobre os rumos da economia, já que o isolamento social provocou, por tabela, a suspensão de várias atividades produtivas, ameaçando empregos e renda.

Continua depois da publicidade

​​​Em site especial, saiba tudo sobre coronavírus​

A coluna convidou lideranças empresariais e representantes de entidades de classe de Blumenau para analisar o cenário. Cada um deles respondeu, entre terça e quarta-feira, por escrito, a quatro perguntas. O questionário foi devolvido antes de o governo de Santa Catarina anunciar a retomada gradual da economia. Confira a seguir:

Avelino Lombardi
Avelino Lombardi, presidente da Acib (Foto: Patrick Rodrigues, BD)

Quais os principais impactos da pandemia nos negócios do setor?

Os impactos são e serão enormes. Ainda nem se tem a dimensão dos danos que a economia irá sofrer. Certamente haverá muita dificuldade de se manter a empregabilidade que temos hoje. Todos os setores terão perdas significativas. Quanto mais tempo demorar para a retomada das atividades econômicas, maiores serão as perdas.

Continua depois da publicidade

O que as empresas estão fazendo para contornar a situação?

As empresas estão negociando com os trabalhadores licença, folgas, banco de horas é férias. Negociando prazos para manter o fluxo de caixa suportável. Buscando linhas de créditos e negociação para se alongar o pagamento dos tributos. Enfim, cada dia matar um leão diferente, ou seja, resolver os problemas que aparecem.

Há uma estimativa do tamanho do prejuízo para a atividade?

Ainda não se consegue dimensionar o tamanho dos prejuízos, que certamente serão enormes.

Que medidas devem ser adotadas pelas autoridades para amenizar o quadro?

Esperamos que as autoridades consigam linhas de créditos acessíveis e a um custo compatível com o momento e com prazos e carências os mais alongados possíveis. Que prorroguem e parcelem o pagamento de tributos o mais longo possível. Que deem sua parcela de contribuição diminuindo seus custos e tamanho do governo. Que prorroguem as eleições para 2022 e aproveitem para unificar as mesmas. Que utilizem o fundo eleitoral para a saúde e socorro às empresas e manutenção dos empregos. Que o Congresso Nacional crie uma PEC para transferência e unificação das eleições. Que transfiram recursos através da diminuição das verbas que cada parlamentar tem e com parte dos seus salários também. Se houver a contribuição de todos, haveremos de passar essa catástrofe que nos assola.

Elson Schutz
Elson Schutz, presidente da Ampe Blumenau (Foto: Divulgação, BD)

Quais os principais impactos da pandemia nos negócios do setor?

Quanto maior o tempo em isolamento social maior será o impacto para as MPEs. Os níveis de negócios estão caindo a zero, o fluxo de caixa afetado, as vendas tendendo a zero. Há ainda o impacto psicológico nos empresários, que podem inclusive encerrar suas atividades em pouco tempo.

Continua depois da publicidade

O que as empresas estão fazendo para contornar a situação?

Estão seguindo as regras de saúde estabelecidas pelos poderes públicos de funcionamento de somente atividades essenciais, isolamento social dos funcionários dos grupos de risco, trabalhando em regime de home-office quando possível. Sobre regras trabalhistas, estão concedendo férias coletivas, usando banco de horas e antecipando feriados. Estamos buscando alternativas para vendas por outros canais como internet, redes sociais e entregas por delivery e buscando recursos financeiros (linhas de crédito) para atenuar a diminuição de receitas e estabilizar o fluxo de caixa.

Há uma estimativa do tamanho do prejuízo para a atividade?

É grande. Estimamos que mais de 70% do faturamento dos negócios foi afetado em março, e acima deste número será daqui em diante se a normalidade não for restabelecida.

Que medidas devem ser adotadas pelas autoridades para amenizar o quadro?

Concessão de crédito emergencial aos empresários de micro e pequenas empresas com o menor esforço burocrático possível (redução de taxas de juros, diminuir exigências para garantias, possibilitar garantia pessoal ao invés da garantia real, disponibilizar recursos a fundo perdido para, por exemplo, o pagamento da folha de pagamentos dos funcionários etc.). Em suma, dar maior credibilidade aos empresários das MPEs e antecipar o máximo possível, com aval do Ministério da Saúde, a reabertura gradativa das empresas ditas “não essenciais” para retomada dos negócios a fim de normalizar o nível de atividade econômica da região, do Estado e do país.

Carlo Lapolli
Carlo Lapolli, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) (Foto: Lucas Correia, BD)

Quais os principais impactos da pandemia nos negócios do setor?

Continua depois da publicidade

São muitos. Todos os negócios ligados a consumo tendem a sofrer por uma retração econômica que vai acontecer – embora ainda não tenhamos ideia da dimensão dela. A cerveja tem relação com o entretenimento e com os universos da gastronomia fora de casa, que são as áreas mais afetadas.

O que as empresas estão fazendo para contornar a situação?

Há iniciativas em vários aspectos. A principal tem sido atuar com entregas ou fortalecer os pontos de venda que estão trabalhando com delivery, que seguem operando. Muitas não faziam esse serviço e estão atuando com promoções com destaque para rótulos que estão em estoque ou próximos ao vencimento. A revisão natural de custos e busca por ações coletivas também são iniciativas naturais nesta época, que estão chegando ao consumidor.

Há uma estimativa do tamanho do prejuízo para a atividade?

Não temos nenhum estudo a respeito ainda. Mas os sinais são de que o setor perdeu 90% do faturamento na última semana.

Que medidas devem ser adotadas pelas autoridades para amenizar o quadro?

Os pequenos e médios negócios serão os mais afetados com essa crise. Isso é um fato. Entendo que a primeira iniciativa é cuidar da saúde das pessoas. Mas há casos de estados que já anunciaram programas menos burocráticos e mais assertivos em relação ao acesso ao crédito por empreendedores do que os aplicados em Santa Catarina. O governo do Estado precisa partir para ações efetivas, objetivas e apropriadas para este momento. Santa Catarina tem uma identificação muito forte com o cenário da cerveja artesanal que se fortalece com o passar do tempo. Para que isso siga, esse olhar é fundamental.

Continua depois da publicidade

José Altino Comper
José Altino Comper, presidente do Sintex (Foto: Lucas Correia, BD)

Quais os principais impactos da pandemia nos negócios do setor?

O impacto negativo é muito grande. A maioria das industriais têxteis parou 100% a sua produção e outras 50% ou mais. Deram férias, licenças remuneradas e outras folgas permitidas por lei.

O que as empresas estão fazendo para contornar a situação?

Como o comércio está parado em quase todo Brasil, restam poucas alternativas para contornar o grave problema. As empresas estão negociando com clientes para não cancelarem os pedidos. Buscando ter caixa para pagar alguns compromissos em dia e ter recursos para pagar direitos trabalhistas neste primeiro momento. Se a situação for mais longe, a grande maioria não terá caixa para honrar até mesmo os salários.

Há uma estimativa do tamanho do prejuízo para a atividade?

Ainda não dá para quantificar, mas cada dia parado é uma perda que não será recuperada. A cadeia total está pedindo fôlego de caixa, clientes estão pedindo prorrogações e os fornecedores das indústrias não têm condições de atender. É precisa esforço e bom senso de todos, mas não é e não será fácil.

Continua depois da publicidade

Que medidas devem ser adotadas pelas autoridades para amenizar o quadro?

As medidas já adotadas, como flexibilização das regras trabalhistas, são um ponto positivo, mas os sindicatos dos trabalhadores e o Judiciário precisam se alinhar com o que está sendo autorizado. Prorrogar o recolhimento de alguns impostos e taxas também ajuda e já foi feito. Os bancos oficiais colocaram linhas de crédito à disposição e isto também é importante, mas isto é para poucas empresas, pois o acesso é complicado. O que também preocupa é como os bancos privados estão trabalhando, reduzindo prazos, aumentando juros e restringindo o crédito. Está faltando capital de giro para a maioria das empresas do setor. Esperamos que os governos federal e estaduais prorroguem todos os impostos para os próximos 90 dias e depois disto ofereça condições de parcelamento de médio prazo. O desemprego no Brasil já era grande e penso que irá aumentar ainda mais, por isto precisamos todos contribuir para amenizar esta dura realidade.

Henrique Bilbao
Henrique Bilbao, presidente do Blusoft (Foto: Pedro Machado, BD)

Quais os principais impactos da pandemia nos negócios do setor?

São difíceis de medir, porém são profundos, pois grande parte do setor vive de serviço. Muita gente já está solicitando cancelamento de serviços, pois a justificava é obvia: não estou trabalhando, não posso pagar e nem usar a aplicação.

O que as empresas estão fazendo para contornar a situação?

O trabalho de home-office já acontecia em várias empresas do setor, porém agora está quase que total. As empresas estão tentando evitar CHURN (perda de clientes), pois uma coisa é postergar pagamento, ou pagar com desconto, outra é cancelar. Isso faz mesmo quem tem investimento repensar cada movimento. Em muitos casos, está se tentando renegociar contratos ou ajudar clientes com outro produto do portfólio, mas mantendo os pagamentos. Todos sabem que passaremos dificuldade, mas com certeza quem pode ajudar os clientes a se reinventarem é a tecnologia.

Continua depois da publicidade

Há uma estimativa do tamanho do prejuízo para a atividade?

Sabe-se que uma estimativa para se manter bem entre as empresas de recebimento mensal é de 17 a 20 dias. Então em um setor como o de Santa Catarina, que fatura quase R$ 15 bilhões só com tecnologia, estamos falando de um número gigante de prejuízo, baseado no tempo de lock-down (bloqueio).

Que medidas devem ser adotadas pelas autoridades para amenizar o quadro?

Muitas medidas já estão sendo adotadas, como férias e redução da carga horária. Mas com certeza flexibilização nas leis trabalhistas são super bem-vindas.

Dieter Pfuetzenreiter
Dieter Pfuetzenreiter, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e do Material Elétrico de Blumenau e Região (Simmmeb) (Foto: Pedro Machado, BD)

Quais os principais impactos da pandemia nos negócios do setor?

Os principais impactos são econômicos, causadas pela redução da atividade econômica industrial, reduzindo o faturamento, atrasos na exportação, adiamentos de investimentos, uma série de fatos que resultam em uma espiral maléfica. O impacto social também vai ser negativo. As inevitáveis reduções de salários decorrentes dos acordos de redução de jornada de trabalho irão afetar o comércio, que reduzirá as encomendas à indústria, todo o ciclo vai ser afetado. As indústrias terão custos, atrasos e tributos que reduzirão o seu fluxo de caixa, o que trará um estresse a mais além de tudo que está acontecendo. É um momento difícil para os gestores.

Continua depois da publicidade

O que as empresas estão fazendo para contornar a situação?

As indústrias estão tomando as medidas recomendadas pelos agentes da saúde para com seus funcionários. Algumas, onde foi possível, concederam férias e outras formas de compensação previstas nas convenções coletivas firmadas com os sindicatos laborais da base do Simmmeb, que já estão disponíveis desde a semana passada. Mas estas paradas são limitadas. A indústria é necessária, o setor da saúde, alimentação e transporte, entre outros, dependem da indústria. Se a indústria parar o país para. As informações, sequências intermináveis de MPs com algumas contradições iniciais, entre elas muitas notícias de muitas fontes, criaram uma situação caótica para uma avaliação rápida e assertiva. Precisamos retomar a normalidade o quanto antes possível.

Há uma estimativa do tamanho do prejuízo para a atividade?

Os principais impactos econômicos causados por esta pandemia ainda não são totalmente conhecidos em sua magnitude, mas a paralisação da atividade econômica, o comércio com as portas fechadas e a indústria operando em escala reduzida resultarão um impacto negativo mais a frente, que será tão maior quanto o tempo desta parada.

Que medidas devem ser adotadas pelas autoridades para amenizar o quadro?

O Estado vai ter que agir e ser solidário. Deve haver uma colaboração dos três poderes. Esta conta não deve ser paga somente pelo lado produtivo, senão ela será demasiadamente alta para o empresário e seus funcionários, ainda quando mal saímos da recessão. O Estado deve usar parte desta colaboração pública tanto para a crise como para logo adiante também aplicar em obras públicas, em todo o país. Os investimentos do Estado representam uma grande parte no PIB do país, isto vai acelerar a retomada do crescimento. Se houver uma compreensão e doação de todo o setor público também, o Brasil superará a crise e retomará o crescimento com celeridade.

Develon da Rocha
Develon da Rocha, presidente do Blumenau e Vale Europeu Convention & Visitors Bureau e da Associação Blumenauense de Turismo, Eventos e Cultura (Ablutec) (Foto: Salmo Duarte, BD)

Quais os principais impactos da pandemia nos negócios do setor?

Continua depois da publicidade

Realmente é algo jamais visto. Estamos todos os dias atentos com a situação do país, pois o impacto no turismo e na gastronomia é algo imensurável até o momento. No turismo, mais de 50 segmentos são atingidos diretamente. Na gastronomia, por exemplo, temos algo paliativo que são os deliverys, mas com toda certeza é algo momentâneo. Seremos afetados com decréscimo de 40% neste ano.

O que as empresas estão fazendo para contornar a situação?

Muito diálogo. Nessas horas as entidades de Blumenau e do Vale são muitos importantes, porque estão ligadas às federações e confederações. Com isso fica fácil de unir associados de uma classe e buscar apoios. As empresas já estão se mexendo, buscando financiamentos, buscando saídas, planejando suas estratégias para sair bem desta situação.

Há uma estimativa do tamanho do prejuízo para a atividade?

Até o momento não tem nada concreto, porque não sabemos até quando ficaremos assim. É algo jamais visto. Vai depender até onde vai esta pandemia.

Que medidas devem ser adotadas pelas autoridades para amenizar o quadro?

Com toda certeza as autoridades competentes estão fazendo sua parte. Cabe a nós neste momento acreditar e confiar no trabalho deles. Temos que apoiá-los e ajudar no que for preciso. Sairemos desta somente com união de todos. Já saímos de várias enchentes e momentos difíceis, e com muita vontade e determinação vamos dar a volta por cima logo, logo.

Continua depois da publicidade

Emilio Schramm
Emílio Schramm, presidente do Sindilojas Blumenau (Foto: Patrick Rodrigues, BD)

Quais os principais impactos da pandemia nos negócios do setor?

Não é possível mensurar, mas no comercio o faturamento é zero.

O que as empresas estão fazendo para contornar a situação?

Quem não tem venda por internet continua no faturamento zero.

Há uma estimativa do tamanho do prejuízo para a atividade?

O prejuízo é imensurável.

Que medidas devem ser adotadas pelas autoridades para amenizar o quadro?

Só vejo uma medida para reativar a economia: renda na mão das pessoas, vide Estados Unidos. Consumidor com dinheiro vai fazer a economia girar.