Depois de um impacto inicial bastante negativo para o setor, a pandemia do novo coronavírus agora está gerando uma inesperada, mas bem-vinda, demanda para indústrias têxteis do Vale do Itajaí. A procura por artigos de cama, mesa e banho cresceu com as pessoas mais tempo dentro de casa – uma situação que já vinha se refletindo também em aquecimento de segmentos como construção civil e decoração. Empresas do ramo que no início da quarentena, em março, fizeram demissões e reduziram a produção, diante do fechamento do comércio e da falta de perspectiva de retomada do mercado, agora estão recontratando.

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A Karsten, de Blumenau, é uma delas. No início da pandemia, a centenária indústria têxtil precisou fazer ajustes na operação: deu férias coletivas a funcionários e aderiu à medida provisória que permitia a suspensão de contratos e redução de jornada e salários. Houve demissões de um grupo pequeno de trabalhadores, mas as vagas foram repostas e outras estão sendo abertas agora para dar conta dos pedidos de todas as linhas e também de tecidos de decoração, diz o diretor administrativo e financeiro Márcio Bertoldi. No total, a companhia está admitindo cerca de 120 pessoas.

— Foi até surpreendente para a gente — reconhece o executivo.

A Altenburg, outra tradicional empresa de Blumenau, vê movimento semelhante. Em abril, a maior fabricante de travesseiros do Brasil demitiu 200 pessoas e chegou a suspender o terceiro turno de produção. Agora, com princípio de retomada, 120 vagas foram reabertas – alguns trabalhadores foram recontratados – e há previsão de novo reforço na equipe em agosto, confirmou a empresa à coluna.

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Em Pomerode, a Fakini iniciou um movimento de reposição de cerca de 80 vagas fechadas em meio à pandemia, entre demissões e contratos de experiência que não foram renovados. A expectativa do diretor Francis Fachini é que as contratações sejam feitas aos poucos até outubro. A empresa, que trabalha com moda infantil, está de olho em datas boas de vendas do segundo semestre, como o Dia das Crianças e o Natal.

A pandemia também atingiu a Círculo, de Gaspar. No início da quarentena, a empresa chegou a desligar 80 pessoas. Mas, com a chegada do inverno, subiram as vendas das linhas de fios para tricô, crochês e bordados, produtos que também se transformaram em alternativa de renda para muita gente, diz o presidente da companhia, José Altino Comper. Todos os postos de trabalho antes fechados foram reabertos e outras 100 novas vagas estão sendo criadas.

— A gente tem uma carteira (de pedidos) para 60 dias ou mais, coisa que não é normal — comemora o empresário.

Comper, que também é presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex), diz que a reabertura do comércio fez com que lojistas reforçassem os estoques, outro fator que explica certo aquecimento no setor e que resultou em novas contratações. 

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O dirigente observa, no entanto, que nem todas as vagas são novas. Há pessoas que estão sendo admitidas para substituir profissionais que seguem afastados, por pertencerem a grupos de risco da Covid-19 ou porque contraíram a doença. O presidente do Sintex diz ainda que o setor de vestuário também começa a dar sinais de reação, mas ela é mais lenta do que o têxtil.

— As pessoas estão comprando para melhorar a casa, não para sair dela — compara.

Os setores têxtil e de confecção foram dois dos mais afetados pela pandemia em Santa Catarina. Só nos meses de abril e maio, 5 mil vagas de trabalho de costureira acabaram fechadas. Aos poucos, no entanto, o segmento dá sinais de reação.

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