O desempenho negativo da geração de empregos na indústria da transformação de Blumenau ao longo de 2018 foi influenciado principalmente pelas demissões nas empresas têxteis e de vestuário. De acordo com o Ministério da Economia, o segmento eliminou 674 vagas na cidade no ano passado. Esta é a diferença entre as 9.456 contratações e as 10.130 demissões feitas no período.
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A coluna destacou na última semana que a indústria blumenauense fechou 2018 com perda de 294 vagas. O segmento têxtil é justamente o que tem o maior peso na composição da força de trabalho industrial local. Se fosse retirado das estatísticas, seriam 380 empregos a mais no saldo final.
As razões para o desempenho fraco são conhecidas e incluem perdas mais acentuadas do que outros setores durante a greve dos caminhoneiros, redução do consumo de itens não considerados básicos – o consumidor tem outras prioridades financeiras antes de renovar o guarda-roupa – e um inverno menos rigoroso do que se desejava no ano que passou.
Os números ruins não ficam restritos a Blumenau. Em todo o Estado, a indústria têxtil e do vestuário fechou 4.240 postos de trabalho em 2018. No Brasil, foram 27.326.
Quem foi bem
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Se o têxtil não foi bem, a metalurgia comemora. Foram 333 novos empregos criados em Blumenau em 2018, disparado o melhor desempenho entre os subsetores da indústria com representatividade na economia local. Fábricas de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico aparecem na sequência, com 129 postos de trabalho. Há um empurrãozinho grande das cervejarias artesanais aí.
Aliás
Somados, 2017 (+1.286) e 2018 (+1.027) contabilizam 2.313 novos empregos adicionados à economia de Blumenau. Apesar de positivo, o volume está longe de suprir as perdas acumuladas no biênio 2015-2016: foram 7.131 postos de trabalho eliminados na cidade nestes dois anos, auge da crise. Mesmo que a média anual melhore, o saldo só deve ser zerado a partir de 2021.
Análise
O fato de a economia de Blumenau ter criado menos empregos formais em 2018 do que em 2017, considerando que o último ano foi melhor do que o anterior, pode ter ligação com níveis de ociosidade da capacidade produtiva.
O economista e professor da Uniasselvi Cláudio Formagi avalia que muitas empresas ainda têm espaço para crescer sem a necessidade de novas contratações. E acredita que a recessão pode ter provocado um aumento forçado de produtividade já que, com demissões de colegas, muitos profissionais acumularam funções.
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— Uma análise que poderia ser feita, e infelizmente o Caged não nos permite isso, é verificar a quantidade de horas extras que foram feitas nesse período — diz o especialista.
Ele sugere que esse volume pode ter aumentado porque se trata de uma alternativa mais em conta para as empresas do que contratar e custear todos os encargos de um funcionário adicional.