Uma grande fábrica de Santa Catarina vai a leilão neste mês. Por determinação da Justiça, a unidade produtiva da Cipla, indústria do setor plástico com sede em Joinville, foi colocada à venda por R$ 131,32 milhões em primeira chamada convocada para o dia 27 de março. Se não surgirem propostas de interessados, nova tentativa está prevista para 3 de abril, com lance mínimo de metade deste valor. Caso a situação se repita, um terceiro leilão, no dia 10, aceitará ofertas de qualquer valor, desde que com a concordância do juiz responsável pelo caso.
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O leilão é fruto da falência da Cipla Indústria de Materiais de Construção, decretada em 2019 após um pedido feito pela própria empresa. Apesar disso, numa situação pouco comum nesse tipo de processo, a companhia se mantém ativa com linhas de produtos plásticos para os segmentos hospitalar, automotivo e construção civil, entre outros. Em 2022, a receita bruta de vendas atingiu R$ 90 milhões, com resultado da atividade – equivalente ao lucro, não fosse a situação falimentar – em R$ 18,7 milhões.
Instalada em uma área de 35 mil metros quadrados no bairro Bucarein, a Cipla emprega pouco mais de 300 pessoas e paga os salários em dia, segundo o administrador judicial Cleber Gleideson da Costa. A capacidade produtiva mensal é de 250 toneladas e há clientes em todo o Brasil. Essa condição operacional faz Costa considerar que o negócio tem potencial, já que um eventual comprador ficaria livre dos ônus do processo de falência.
— Acho que não temos outro caso como esse no país — avalia.
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A Cipla foi fundada em 1963 e chegou a integrar um grupo com outras empresas. O histórico de gestão é conturbado, com interrupção no recolhimento de tributos e pagamento de obrigações trabalhistas, relatos de abandono dos sócios e proprietários, movimentos grevistas por parte de funcionários e intervenção judicial inicialmente liderada por Rainoldo Uessler, ex-administrador judicial da Busscar falecido em 2017. A unidade de termoplásticos que irá a leilão é a única remanescente do conglomerado.
O grupo como um todo tem uma dívida superior a R$ 1 bilhão. Costa admite que o passivo é impagável, mas ressalta que um futuro administrador não herdaria o rombo, podendo se concentrar na operação já existente. O administrador judicial da Cipla cita números para sustentar que o negócio seria rentável. Desde que assumiu a gestão, em 2019, o faturamento saltou de R$ 56,8 milhões para R$ 90 milhões, enquanto o resultado da atividade mais que dobrou, de R$ 7,1 milhões para R$ 18,7 milhões.
Interesse
O leilão, online, acontecerá pelo site www.centralsuldeleiloes.com.br (clique aqui para ter acesso ao edital). Costa revela que já recebeu consultas de potenciais interessados no negócio. O alto valor de avaliação, porém, deve ser um empecilho para arrematação em primeira chamada. Na segunda tentativa, pela metade, ou na terceira as probabilidades de surgirem compradores são maiores.
Aliás
A decisão judicial que decretou a falência da Cipla em 2019 abriu a possibilidade de continuidade dos negócios por uma série de fatores. A manutenção das atividades, entendeu a Justiça, evitaria perdas aos credores porque preservaria o patrimônio e o valor do negócio, pouparia demissões em massa, permitiria a arrecadação de tributos e aumentaria as chances de arrematação em leilão.
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