Embora seja um fenômeno recorrente na história de Santa Catarina, sempre há o que aprender a cada nova enchente. A que assola o Estado neste mês de outubro serviu para confirmar algumas premissas. A principal delas é que ciência e informação precisa são aliadas indispensáveis na mitigação de riscos e na proteção das pessoas. Previsões antecipadas do avanço do nível dos rios ajudaram todos a se prevenirem.
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Diferente de tantas outras situações, agora não se espera mais a água invadir casas, lojas e empresas para mover famílias, subir móveis e guardar mercadorias em algum local seguro. Com a ajuda de ferramentas tecnológicas, a população sabe a cota de enchente da própria rua e monitora em tempo real a elevação das águas. Abertos com antecedência, abrigos passaram a receber até animais de estimação de quem não tem para onde ir.
Mas se de um lado parecemos avançar – e bem – no protocolo de reação, por outro o catarinense teve por várias vezes a sensação de que a prevenção poderia ter sido mais efetiva. Houve situações em que a linha de frente parece ter batido cabeça, colocando em xeque a qualificação técnica para lidar com este tipo de cenário.
No dia 5 de outubro, a Defesa Civil de Santa Catarina descartou a possibilidade de operar a barragem de José Boiteux, alegando falta de segurança. Três dias depois, no entanto, o governo mudou de ideia e fechou, com sucesso, as comportas da maior estrutura de contenção de cheias no Estado. Mostrou que dava para fazer, contrariando o próprio discurso.
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No início desta semana, três comportas da barragem de Taió foram abertas. Inicialmente, a Defesa Civil parecia resistir à ideia. Mas novamente o governo mudou de posição após um apelo do prefeito da cidade, Alexandre Purnhagen, viralizar em grupos de WhatsApp e nas redes sociais.
Os dois casos levantam questionamentos importantes: até que ponto as decisões tomadas são essencialmente técnicas? Qual o nível de influência política e econômica dessas medidas? Como uma posição aparentemente firme muda em um espaço tão curto de tempo? Por que só se lembra das barragens quando a água é uma ameaça iminente?
Os políticos devem essas respostas aos catarinenses. E não podem esperar novas enchentes para dá-las.
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