A Secretaria de Trânsito e Transportes de Blumenau (Seterb) começou a estudar medidas que, se colocadas em prática, tendem a provocar profundas alterações no sistema de transporte coletivo da cidade. As mudanças, ainda em análise muito incipiente, mirariam dois objetivos: reduzir os custos da operação, que tem dependido de subsídios públicos para fechar as contas, e tornar o ônibus um modal mais atrativo para os passageiros. Conciliar ambos é o grande desafio.
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Algumas dessas medidas seriam mais drásticas, com potencial para ter impacto praticamente instantâneo no preço da passagem. Uma delas seria a extinção dos cobradores, uma discussão que não é nova. No parecer em que recomenda que a tarifa técnica para bancar os custos do sistema deveria ser de R$ 6,49, a Agência Intermunicipal de Regulação do Médio Vale do Itajaí (Agir), que fiscaliza a concessão, sugeriu mais uma vez a retirada desses profissionais dos coletivos como forma de racionalizar financeiramente a operação.
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O fim da função, porém, esbarra em duas questões principais. Uma é de ordem legal: há lei municipal garantindo a presença dos cobradores, que precisaria ser revogada. Um projeto neste sentido chegou a entrar na pauta da Câmara de Vereadores nesta semana, mas não chegou a ser apreciado pelos parlamentares. A outra é de ordem política e social. Os trabalhadores são contra e se mobilizam para evitar a medida, indicando paralisações no sistema caso ela avance.
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Um caminho possível para levar a ideia adiante seria fazer experimentos aos poucos, retirando os profissionais de linhas menores. Outro é requalificar e reaproveitar esses trabalhadores em outras atividades do sistema, evitando o fechamento de postos de trabalho e demissões em massa. Independentemente da saída, avançar na proposta deixaria feridas.
A implantação de ar-condicionado nos ônibus também está no radar. Não seria em todos os veículos, mas apenas em alguns, a exemplo do que existia no antigo Consórcio Siga. Neste caso, pesam contra o aumento do consumo de combustível dos carros e adaptações necessárias na parte mecânica. Por outro lado, refrigerar os coletivos traria mais conforto aos usuários principalmente nos dias de forte calor e poderia ser um novo atrativo para uma operação que precisa de volume.
Uma terceira medida que começou a ser considerada é a possibilidade de uma integração do sistema fora dos terminais. Seria algo como um crédito na tarifa, que permitiria ao passageiro que desembarcar voltar a usar o ônibus sem pagar uma nova passagem em um intervalo específico de tempo.
Todas essas alternativas ainda estão no campo das ideias, sem plano de ação definido. O secretário Alexandro Fernandes admite as propostas, mas por ora as trata como possibilidades, a serem aprofundadas ao longo de 2022 e executadas no futuro dependendo da viabilidade.
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— É um contrato de muitos anos, então é natural que haja mudanças. Nada é estático — avalia.
De acordo com ele, a prioridade no momento é fazer o contraponto ao parecer da Agir e finalizar a revisão tarifária extraordinária, que culminará na definição do novo preço da passagem. A decisão sai ainda em fevereiro.
Aliás
A Agir também recomendou que a prefeitura considere a aplicação de uma tarifa mais baixa em linhas e horários fora dos picos. Medida semelhante foi adotada recentemente em Florianópolis.
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