O fim do auxílio emergencial vai impor um desafio extra para a economia em 2021: a manutenção da geração de emprego e renda sem a colaboração de um benefício que, na avaliação unânime de economistas e empresários, foi fundamental para reanimar o consumo e, por tabela, a indústria, abalados pelo coronavírus ao longo de 2020.
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Só em Santa Catarina o chamado “coronavoucher” somou R$ 7,4 bilhões, segundo dados da Caixa Econômica Federal. Foi um dinheiro que, nas mãos do consumidor, movimentou lojas e prestadores de serviços, alimentando a produção nas fábricas.
— Esse auxílio emergencial foi fundamental para a retomada da economia. Ele deu um empurrão, fez com que a economia girasse novamente, gerando um ciclo virtuoso — avalia Mario Cezar de Aguiar, presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).
O dirigente lembra que a medida não se limitou aos bilhões pagos a beneficiários que vivem no Estado. Como Santa Catarina “exporta” para outras regiões do país, o consumo dos demais mercados, também impulsionados pelo benefício, ajudou a aquecer ainda mais a indústria local.
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Entre maio, logo após o início dos pagamentos, e outubro a produção industrial catarinense acumulou alta de 52,4%. O segmento, aliás, recuperou as vagas de emprego perdidas na pandemia e é um dos carros-chefes da economia do Estado, que acumula saldo positivo de 67 mil postos de trabalho formais, com carteira assinada, criados entre janeiro e novembro do ano passado.
Agora, porém, a fonte do principal socorro financeiro disponibilizado em 2020 secou. Os últimos créditos do auxílio emergencial foram depositados em dezembro, ainda com possibilidades de saques pontuais em janeiro. Como o próprio nome sugeriu desde o início, tratava-se de algo com prazo de validade.
— É evidente que vamos nos ressentir em parte desse recurso que não virá mais. Mas a gente sabe que o recurso é emergencial. Embora a pandemia persista, tem que haver uma responsabilidade fiscal, no sentido de não comprometer mais ainda as finanças do país — pondera Bruno Breithaupt, presidente da Fecomércio-SC.
Aguiar faz coro ao discurso do colega de associativismo. Concorda que a paralisação dos pagamentos prejudica principalmente os mais vulneráveis, mas acredita que o governo também tem um limite de gastos que, desequilibrados, podem ter efeito igualmente danoso no cenário econômico.
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— Nós sempre defendemos que o melhor benefício é a geração de emprego, capacitar as pessoas e dar a elas a oportunidade de trabalhar — acrescenta.
Recuperação mais rápida
Os dois dirigentes concordam que Santa Catarina deve sentir menos os efeitos do fim do auxílio emergencial do que outros locais. Isso se deve, na avaliação deles, à diversidade da economia local e aos altos índices de empregabilidade. A taxa de desocupados no Estado ao fim do terceiro trimestre de 2020 era de 6,6%. No país, o índice no período ficou em 14,6%, mostram dados do IBGE.
Em um cenário com mais oportunidades do trabalho, a dependência de programas de assistência social diminui. Enquanto em alguns estados até metade da população recebeu o auxílio emergencial, por aqui o benefício chegou a 26% dos catarinenses, conforme as informações mais recentes disponibilizadas no Portal da Transparência do governo federal.
Claro que o recurso fará falta, ainda mais considerando que a pandemia não acabou, mas o caminho a ser trilhado pela economia catarinense passa agora pela resiliência e pela inovação, opina Breithaupt. A Fiesc está otimista e prevê que o Estado cresça acima de 3% em 2021. O resultado vai depender do comportamento da pandemia e, mais importante, da chegada da vacina.
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