O que analistas, empresários e investidores temiam, mas de certa forma já esperavam pelas previsões que vinham se desenhando, foi confirmado oficialmente pelo IBGE nesta quinta-feira. O instituto divulgou que a economia brasileira recuou 0,2% entre janeiro e março deste ano em relação ao último trimestre de 2018, já considerando a sazonalidade que distancia estes dois períodos. Quer dizer que, embora a variação tenha sido pequena, a produção de riquezas regrediu neste intervalo, um sinal claro de como está difícil fazer o país deslanchar. É a primeira queda do indicador desde o quarto trimestre de 2016.

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A situação só não se tornou ainda mais preocupante porque o IBGE não revisou o PIB do quarto trimestre de 2018 (alta de 0,1%), como chegaram a apostar alguns especialistas de mercado. Se o dado fosse revisto para baixo e ficasse no vermelho, o Brasil acumularia dois trimestres seguidos de baixa, o que caracterizaria tecnicamente uma recessão – esse fantasma que tanto assombrou a economia nacional nos últimos anos e que parece ainda estar longe de ser espantado.

O desempenho do trimestre foi influenciado pelas quedas na indústria (-0,7%) e da agropecuária (-0,5%) – este último segmento vinha “sustentando” a economia nos últimos anos. O setor de serviços foi melhor, com leve alta de 0,2%. O consumo das famílias também subiu um pouco, 0,3%, resultado insuficiente para reverter a queda do indicador geral.

Embora tenha havido crescimento de 0,5% quando a análise é feita com o primeiro trimestre de 2018, a comparação com período mais recente tem mais peso. Neste caso, é como se a economia tivesse dado alguns passos à frente, mas voltado atrás em seguida. É esse recuo que incomoda e afeta a confiança do mercado, resultando no represamento de investimentos e consequente menor geração de empregos.

Trata-se de um ciclo vicioso, alimentado por incertezas em torno, principalmente, da aprovação de medidas de ajuste fiscal. Mas há, no meio de tantas notícias ruins, uma esperança. As projeções de crescimento, embora venham caindo, ainda são positivas. A expectativa mais recente do boletim Focus, do Banco Central, é de avanço de 1,23% – apesar de essa estimativa já ter sido de 2,53% em janeiro. A salvação passa pela agenda de reformas e pelo equilíbrio das contas públicas.

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