A decisão do governo da Arábia Saudita de suspender ao menos parte da importação de proteína animal brasileira não atinge apenas os criadores de frango e a agroindústria do Oeste catarinense. Maior produtora de carne de pato da América Latina, a Villa Germania, de Indaial, estima prejuízos milionários caso o embargo seja mantido.

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A empresa vende 1,2 mil toneladas por ano aos árabes – cerca de 30% de todas as exportações, destinadas principalmente ao Oriente Médio. Trata-se de uma receita que gira entre R$ 11 milhões e R$ 12 milhões, calcula Marcondes Moser, um dos sócios do negócio.

O empresário acredita que, talvez por um equívoco do governo saudita, não houve distinção do tipo de proteína abrangida pelo embargo. Avalia que a carne de pato, que representa uma fatia muito pequena do volume total de importações de aves feitas pelos sauditas, acabou pegando carona na suspensão. Pagou, literalmente, o pato.

— No fundo, eles botaram a gente no mesmo balaio do frango — lamenta.

Com 300 funcionários, a Villa Germania mantém uma cadeia produtiva que engloba 50 famílias integradas, espalhadas em cerca de 15 municípios do Vale e também de parte do Norte. Mantido o embargo, o resultado poderia ter fortes impactos econômicos e sociais nessas regiões.

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Moser mantém contatos com autoridades políticas do Estado e representantes de associações do setor na expectativa de reverter o quadro.

Detalhe

Há diferentes relatos dos motivos que levaram a Arábia Saudita a promover o embargo. Enquanto uns citam critérios técnicos, com possível decisão dos sauditas de endurecer regras sanitárias e de abate dos animais para frear as importações e abrir caminho para o desenvolvimento local do agronegócio, outros falam em retaliação política, resultado da intenção do governo Jair Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira de Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o que teria enfurecido os árabes.

Não seria se surpresa se fosse um pouco de cada.