A corrida para a prefeitura de Blumenau em 2024 está completamente aberta, sem nenhum nome, hoje, que desponte como favorito. Ao menos é isso que sugere uma primeira análise do resultado das Eleições 2022. Há vários recados dados pelas urnas neste domingo (2) que desde já começarão a ser avaliados por partidos e lideranças políticas locais, com vistas ao próximo pleito municipal. Um deles é a imprevisibilidade do jogo sucessório.
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Quem tem mais motivos para se preocupar é o prefeito Mário Hildebrandt (Podemos). Ele não pode disputar a reeleição daqui a dois anos, mas tem interesse em preservar o legado da gestão emplacando um sucessor. Hoje este nome é a vice, mas o PSDB de Maria Regina Soar confirmou em 2022 a tendência de encolhimento já observada em 2018.
Os tucanos elegeram apenas dois deputados para a Assembleia Legislativa de Santa Catarina e não alçaram ninguém à Câmara dos Deputados. No cenário nacional, ficarão de fora do governo de São Paulo pela primeira vez em quase 30 anos. São sinais evidentes do desgaste da sigla diante do eleitorado, situação que pode respingar em Maria Regina caso ela permaneça no ninho.
Hildebrandt também não conseguiu convencer o blumenauense a apoiar em peso quem ele queria. Carlos Moisés (Republicanos), o governador candidato à reeleição defendido pelo prefeito, fez míseros 11,5% dos votos na cidade e ficou pelo caminho na disputa pelo governo de Santa Catarina. André Espezim (Podemos), seu ex-secretário e amigo pessoal, somou apenas 15,3 mil votos – 9,9 mil deles na cidade –, desempenho que o deixou bem longe de uma cadeira na Câmara dos Deputados.
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Se para muitos as coisas não saíram como o esperado, para outros há motivos de sobra para comemorar. Ivan Naatz (PL) foi reeleito deputado estadual com o triplo de votos que havia feito em 2018. Caso se confirme a vitória de Jorginho Mello (PL) no segundo turno em Santa Catarina, o ex-vereador teria um padrinho e tanto para concorrer à prefeitura de Blumenau em 2024. Jorginho foi o candidato a governador mais votado na cidade, com 43,7% dos votos, e a caneta do governo do Estado na mão turbinaria as pretensões do aliado local.
Já a frente da esquerda ganha novo ânimo para o futuro pleito local com o bom desempenho do casal Lima. Ana Paula foi a quarta deputada federal mais votada de Santa Catarina e Décio abocanhou um surpreendente lugar no segundo turno da eleição para o governo do Estado. São feitos significativos para um espectro político que vem encontrando forte rejeição do blumenauense nos últimos anos.
Ismael dos Santos (PSD), que já foi candidato a prefeito em 2004, é mais um que sai fortalecido da disputa deste domingo. Ganhará mais visibilidade na Câmara dos Deputados e pode ser uma alternativa da direita conservadora em 2024, com grande capilaridade dentro do segmento evangélico.
O promotor Odair Tramontin (Novo), que por pouco não beliscou uma vaga no segundo turno das eleições municipais em 2020, estadualizou o nome com a campanha ao governo do Estado e tem em Joinville uma vitrine do programa partidário para exibir.
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Egídio Ferrari (PTB) e Marcos da Rosa (União) surpreenderam com boas votações para a Assembleia Legislativa e o ex-prefeito Napoleão Bernardes (PSD) ressurge das cinzas ao se eleger deputado estadual. Um mandato ativo é sempre um ativo desejado em campanha e o eventual envolvimento do trio na disputa também pode ser fator de influência.
Muita coisa sobre este domingo ainda está sendo digerida. Protagonistas do pleito de agora não necessariamente estarão na linha de frente da eleição municipal de daqui a dois anos, seja pelos compromissos assumidos com o eleitor, seja pela conveniência ou viabilidade do cenário que vai se impor. Tudo vai depender do desenrolar dos próximos dois anos. A pintura de 2022 indica que o desenho para 2024 ainda está longe de ter forma.
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