Recém-empossado prefeito de Blumenau, Egidio Ferrari (PL) já tem sobre a mesa uma primeira grande decisão a tomar: qual será o valor da passagem de ônibus em 2025. Um parecer emitido em dezembro pela Agência Intermunicipal de Regulação de Serviços Públicos (Agir), elaborado após um pedido de revisão tarifária feito pela Blumob, recomendou que a tarifa técnica do transporte coletivo da cidade deve ser de R$ 8,98, um aumento de quase 10% em relação ao valor atual (R$ 8,15). A empresa pedia R$ 9,09. Vale lembrar que a chamada tarifa técnica não é aquela que é cobrada, de fato, dos passageiros. Explico abaixo.

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A tarifa técnica indica quanto cada passagem de ônibus deveria custar de fato para bancar o sistema e garantir o retorno financeiro à Blumob previsto em contrato. Na prática, porém, ela não é aplicada ao usuário desde 2020 por ser considerada muito cara – o que afastaria ainda mais os passageiros, comprometendo a própria viabilidade do transporte coletivo.

Nos últimos anos, a prefeitura tem dado subsídios milionários ao transporte público para abater a diferença entre a “tarifa técnica” e a “tarifa real” – o valor atingiu cerca de R$ 40 milhões em 2024. Esses aportes permitiram, por exemplo, que o município congelasse a tarifa antecipada (comprada via créditos de cartão) em R$ 5,30 no ano que passou. Apenas a tarifa embarcada, paga na catraca, foi reajustada, de R$ 6 para R$ 6,50.

O novo parecer da Agir chegou ao conhecimento da prefeitura de Blumenau ainda na gestão de Mário Hildebrandt (PL), mas o então prefeito preferiu deixar a decisão ao sucessor. Mantido no cargo na transição de governo, o secretário de Trânsito e Transportes, Fábio Campos, disse à coluna que deve apresentar o cenário a Ferrari em breve.

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Ao solicitar em setembro uma nova revisão tarifária de forma extraordinária – algo previsto no contrato de concessão –, a Blumob alegou desequilíbrio financeiro provocado pelo fim de benefícios fiscais aplicados no pagamento dos funcionários. Em setembro passado, o Congresso Nacional aprovou projeto de lei que acabou reonerando de forma progressiva a folha salarial de vários setores da economia, incluindo o de transporte de passageiros.

A tarifa técnica de R$ 8,98 já considera esse aumento de custos, além da correção da inflação, projeção de passageiros e outros ajustes feitos no sistema. A definição sobre a tarifa real, no entanto, caberá a Ferrari. É uma decisão política sobre um tema sensível e que foi um dos protagonistas da campanha eleitoral deste ano.

Aliás

Em novembro, a coluna revelou que a prefeitura turbinou em R$ 19 milhões o subsídio ao transporte coletivo no orçamento de 2025 – ampliando a fatia para R$ 57 milhões.

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