O empresário Eduardo Soares, o Duca, foi oficialmente empossado presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Blumenau na noite desta sexta-feira (22) em uma situação atípica. A cerimônia aconteceu pouco mais de um ano e meio depois dele ter assumido o cargo, em janeiro de 2021. A pandemia vinha adiando as formalidades.
Continua depois da publicidade
> Receba notícias de Blumenau e do Vale pelo WhatsApp
— A gente foi segurando, segurando. Mas chegou um momento que não tinha como escapar — brinca o dirigente.
A posse coincidiu com o aniversário de 56 anos da CDL e de 10 de criação do núcleo jovem da entidade, “caindo numa data boa para juntar tudo”, diz Soares. Ele concedeu entrevista à coluna no início da tarde desta sexta-feira (22). Fez um balanço da primeira metade do mandato, que vai até 2023, e diz que o comércio de Blumenau já está recuperado da pandemia. Confira:
O que mudou na gestão da CDL nestes quase dois anos?
Continua depois da publicidade
Ao entrar na presidência, comecei a colocar um foco maior na área comercial. Saímos um pouco da questão de SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), que é o que todo mundo sempre lembra. Trabalhamos nos benefícios que a CDL tem. Isso sempre se falou, mas o consumidor, o lojista e o associado muitas vezes não utilizam. Também voltamos a fazer palestras, fizemos agora com o (Luís) Marins, que é focado no varejo. Foi um sucesso, mais de 500 pessoas no Teatro (Carlos Gomes). Ele foi o primeiro. De agora em diante o ciclo de palestras volta forte.
Esse foco na área comercial já mostra resultados?
Temos feito follow-ups com os associados, dizendo que ele não está ali só para pagar a mensalidade. Os nossos consultores ligam constantemente, perguntam se tudo está certo. Também reduzimos custos nas consultas ao SPC.
O senhor assumiu a entidade no meio da pandemia, quando ainda não havia vacinas disponíveis e o comércio sentia os impactos de restrições. Qual foi o momento mais difícil?
Assumi em janeiro do ano passado. A pandemia começou em março de 2020, quando eu era vice-presidente. Ali foi o pior momento. Tivemos que correr para fazer as campanhas (de prevenção) a toque de caixa. Depois foi evitar que fechasse (o comércio) novamente. Tivemos um momento ali no início de 2021 que o governador (Carlos Moisés) estava naquela de fechar ou não. Junto com a federação e outras CDLs, nos mobilizamos para que não acontecesse.
Continua depois da publicidade
O varejo de Blumenau já está totalmente recuperado da crise sanitária?
Creio que sim. Blumenau está forte no turismo. O que precisamos agora é fazer o dever de casa. Cada lojista, prestador de serviço, comerciante, dono de restaurante e hotel tem de aproveitar esse boom. Não vamos mais ter aqueles ônibus na Rua XV parando para comprar produtos e marcas de Blumenau, isso não existe mais há muito tempo. O consumo mudou e a forma de consumir mais ainda com a pandemia. Mas o turista vem. Como lojistas, precisamos estar preparados e treinar o nosso pessoal. Vai ter que plantar para colher.
O turismo vai ser a mola propulsora do comércio de Blumenau?
Temos que aproveitar. O comércio está bom, não dá para reclamar. Independentemente do turismo, o varejo se recuperou. Mas ainda estamos com alguns problemas. Tenho batido já há tempos no aumento dos limites do Simples (para empresas de pequeno porte é de R$ 4,8 milhões, mas a Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados já aprovou o aumento para R$ 8,7 milhões). Tudo aumentou. As empresas estão vendendo com valores mais altos, mas não quer dizer que elas cresceram. Quem fica dentro do Simples não está conseguindo se manter. Não é que está faturando mais, está faturando valores mais elevados em função dos custos. Só que o limite do Simples faz anos que não aumenta, e isso não tem a ver com a pandemia. Ela só agravou. Esse é um desafio. Tem empresário que chega em outubro, freia o negócio e não quer mais vender para não estourar o limite, isso não tem sentido. Aí ele deixa de empregar.
Essa é uma articulação que passa por Brasília. Do ponto de vista local, qual a principal demanda?
Essa gestão (do prefeito Mario Hildebrandt) tem sido muito solícita com o comércio. A gente é chamado por várias secretarias e conversa sobre as mudanças. As coisas não acontecem na base da imposição. Eles querem nos ouvir e também estamos ouvindo eles. Reclamar seria injusto. Tivemos as leis das mesas nas calçadas, dos ambulantes, tudo a CDL foi consultada para realmente entender. Não há reclamação específica do governo porque eles estão sendo parceiros. Mas há o desafio da empregabilidade em Blumenau. Falta gente. Há vagas em aberto, mas temos dificuldade em contratar principalmente na área operacional, onde está o maior problema.
E por que isso tem acontecido?
O comércio e a indústria estão fortes. Blumenau está em uma curva diferente talvez de outros estados. Mas a mão de obra falta em todas as cidades de SC. Joinville e Florianópolis estão com o mesmo problema. O Estado está pujante. E a própria cultura mudou. As pessoas não querem mais tanto ficar no operacional. Blumenau tem muitas empresas de TI e muita gente acabou migrando para esse setor, o que desfalca outras áreas. Está acontecendo e é um desafio das entidades. Estamos com um projeto, que deve começar no mês que vem, para unir quem quer empregar e quem quer trabalhar no comércio. Vamos treinar essas pessoas, fazendo a ligação entre a empresa com o profissional que ainda não tem experiência.
Continua depois da publicidade
Receba notícias e análises do colunista Pedro Machado sobre economia, negócios e o cotidiano de Blumenau e região pelo WhatsApp ou Telegram
Leia também
Condomínio com 384 apartamentos em Balneário Piçarras será discutido em audiência pública
Linha de ônibus Blumenau-Aeroporto de Navegantes terá novo ponto de parada
Seis empresários disputam prêmio de personalidade de vendas em SC; veja a lista
Empresa de Blumenau tem interesse na concessão da Cidadela Cultural em Joinville
WEG anuncia parceria para criar nova empresa na África
Mais longo reinado da Oktoberfest Blumenau já tem data para terminar