A distribuidora de medicamentos Neosul, com unidade em Palhoça, na Grande Florianópolis, entrou em recuperação judicial. O juiz Luiz Henrique Bonatelli, da Vara Regional de Falências e Recuperações Judiciais e Extrajudiciais da Comarca da Capital, aceitou o pedido em decisão publicada em 5 de outubro. No despacho, o magistrado dá prazo de 60 dias para a empresa apresentar o plano de recuperação.
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A Neosul entrou no mercado em 2009 e distribui principalmente perfumes, cosméticos e remédios similares e genéricos, comprados de grandes indústrias, para redes de farmácias. Apesar de ter sido fundada em Canoas (RS), a empresa mantém toda a estrutura administrativa em Palhoça, onde está concentrada a gestão do negócio.
Na petição inicial, a companhia informa que as dívidas sujeitas à recuperação judicial somam cerca de R$ 60 milhões. A maior parte dos quase 200 credores é formada por bancos, fornecedores e indústrias farmacêuticas.
Um dos gatilhos da crise teria sido a abertura da filial catarinense, em 2019. Apesar da expansão ter permitido um crescimento no faturamento, ela também veio acompanhada de mais despesas, principalmente com a aquisição de estoque. Segundo a Neosul, houve necessidade de captação de R$ 30 milhões de terceiros para formação de capital de giro, o que aumentou os custos financeiros.
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O problema teria se agravado com o aumento da taxa de juros, que tornou o crédito mais caro, e com a inadimplência de alguns clientes. Nos últimos meses, a Neosul alega que buscou alongar dívidas e reavaliou a operação em busca de equilíbrio, mas que análises interna e externa identificaram que o único caminho possível seria a recuperação judicial.
Apesar das dificuldades, a empresa diz ter condições de reverter o quadro. Com cerca de 130 funcionários e 10 mil clientes espalhados pela região Sul, sustenta que em 2022 teve o melhor faturamento de sua história, de R$ 157 milhões – pouco mais de R$ 100 milhões vieram da filial catarinense.
Uma constatação prévia feita pelo escritório nomeado para atuar como administrador judicial da Neosul aponta que a intenção da empresa com a recuperação judicial “é ganhar fôlego para reorganizar o fluxo financeiro e, em paralelo, revisitar políticas de compras com foco nos fornecedores que permitam melhores margens ao negócio”.
Contraponto
A coluna tentou falar com a Neosul sobre o assunto nesta segunda-feira (23). No telefone da filial de Palhoça, foi orientada a enviar um e-mail para o departamento financeiro. Em resposta, recebeu um número de telefone do fundador da empresa, mas as chamadas não foram atendidas até o momento desta publicação. Este espaço segue aberto para o contraponto.
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