Partidos que estiveram em trincheiras opostas nas eleições municipais deste ano em Blumenau se articulam juntos para determinar o comando da Câmara de Vereadores a partir de 2025. A formação da Mesa Diretora para a futura legislatura inclui quatro vagas – presidência, vice-presidência e dois secretários – cobiçadas pela visibilidade e possibilidade de ditar o ritmo dos trabalhos da Casa. A composição também impacta na linha sucessória do município em caso de ausência do prefeito ou da vice.
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No início desta semana, um grupo de nove dos 15 parlamentares eleitos fechou questão para apoiar uma candidatura de Ito de Souza (PL) para a presidência. Chamou a atenção o caráter suprapartidário da articulação. Houve a adesão de cinco vereadores eleitos pela base governista de Egidio Ferrari (PL) – além de Ito, Flavinho (PL), Egídio Beckhauser (Republicanos), Bruno Cunha (Cidadania) e Professor Gilson (União) – e mais quatro parlamentares que, no “papel”, representaram a oposição na disputa majoritária – Diego Nasato (Novo), Bruno Win (Novo), Silmara Miguel (PSD) e Cristiane Loureiro (Podemos). Ali há três legendas que tiveram candidatos a prefeito – Ferrari, Odair Tramontin (Novo) e Ricardo Alba (Podemos).
Eleição em Blumenau dá uma folga teórica a Egidio Ferrari na Câmara de Vereadores
Há explicações para essa aliança multipartidária. A coluna apurou que alguns parlamentares estariam insatisfeitos com a maneira como Almir Vieira (PP), atual presidente da Câmara, tem conduzido os trabalhos na Casa. O pepista, segundo vereador mais votado, chegou a se lançar candidato à reeleição e era tido como um dos favoritos na disputa. No entanto, este movimento o isola e deixa no ar o recado de que a gestão no Legislativo exige certa sintonia entre os parlamentares.
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Se ninguém roer a corda e o grupo resistir a eventuais tentativas externas de intervenção de última hora, Ito será o presidente do Legislativo, com Nasato na vice-presidência e Beckhauser e Cristiane Loureiro como primeiro e segundo secretários, respectivamente. Esta condição garante um aliado do governo no comando do Legislativo, mas deixa uma “sombra” da oposição. Embora muitas pautas do Novo batam com as do PL, principalmente em questões relativas à economia e aos costumes, Nasato já foi crítico da atual gestão em diversos momentos.
Por esses movimentos, a leitura que se faz inicialmente é que a política na Câmara tem bases próprias que não necessariamente casam com o que foi visto na disputa majoritária. Os poderes, afinal, são independentes. Ou ao menos deveriam ser.
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