Quando Bruno e Juliano Mendes fundaram a Eisenbahn, em 2002, o mercado brasileiro era pouco aberto às cervejas artesanais e o consumidor raras vezes conhecia outro estilo da bebida que não fosse o tradicional Pilsen. Com um cardápio mais amplo, a cervejaria de Blumenau, que hoje faz parte do Grupo Heineken, foi uma das precursoras no país na proposta de levar novos aromas, cores e um pouco mais de amargor para dentro dos copos. Agora os irmãos que ajudaram a derrubar paradigmas e revolucionar o meio cervejeiro se dedicam a fazer mesma coisa com um outro tipo de alimento bem familiar às mesas: o queijo. Eles são as estrelas da terceira reportagem da série “Fábricas de medalhas” que a coluna começou a publicar no último domingo (18).
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Em 2013 Bruno e Juliano compraram uma fábrica de laticínios em Pomerode, que atualmente emprega cerca de 30 pessoas e projeta faturar R$ 15 milhões neste ano. Na época o investimento veio a calhar: a família já estudava a produção de queijos – uma iguaria que costuma harmonizar com cervejas especiais – quando a oportunidade do negócio apareceu. Assim como na época da Eisenbahn, os Mendes se desafiaram a fugir do básico e dos conceitos impostos pelas grandes indústrias. E, mais uma vez, encararam obstáculos para conquistar o paladar do consumidor.
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— Quem disse que o brasileiro não gosta de um queijo mais forte? A maioria das pessoas não conhece — defende Bruno.
Inspirada no estado norte-americano de mesmo nome, conhecido por ser um polo queijeiro, a linha Vermont, criada pelos irmãos, tem produtos de aroma e sabores intensos – para não dizer fora do padrão mais comercial. Alguns dos destaques ficam por conta de receitas que de alguma maneira prestam homenagem a Pomerode. Uma delas, o Morro Azul, faz alusão a um reduto natural e turístico da cidade mais alemã do Brasil. É um queijo cremoso, envolto em uma cinta de madeira. Outro, o Vale do Testo, cita o rio que corta o município. Com maturações diferentes – de um a 12 meses –, o produto tem notas aromáticas que lembram caldo de carne, defumado e amêndoas.
O mercado queijeiro, observa Bruno, demanda receitas autorais e que valorizem a região de fabricação. Não por acaso, o Morro Azul e o Vale do Testo são dois dos queijos mais premiados da marca, que acumula pencas de medalhas em competições com concorrentes de outros países. As conquistas ajudam a difundir os produtos e aos poucos popularizam as variações da iguaria, embora a missão nem sempre seja simples.
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— A gente recebe quase todos os dias contatos de clientes para saber se o queijo está bom, por causa do cheiro — revela Bruno.
Para os Mendes, o aroma dos queijos especiais é equivalente ao amargor da cerveja. Eles, no entanto, já provaram uma vez que são capazes de convencer até mesmo os paladares mais desconfiados a darem uma chance para o que é diferente e foge do padrão.
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