Há criatividade de sobra pulsando dentro das universidades e basta um pequeno empurrãozinho para que ela seja devidamente manifestada. Na Furb, em Blumenau, a Feira de Inovação e Empreendedorismo, promovida todos os anos, mobiliza alunos de diferentes cursos a pensarem em alternativas para problemas do dia a dia, das pessoas ou das empresas. E não é raro que a partir da iniciativa surjam patentes exclusivas de produtos ou até mesmo novos negócios.

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Criar uma marca própria é justamente o que já projetam as acadêmicas Amanda Berns, Daniela Rausch e Luiza de Melo Miranda, que formam a equipe que ficou com a primeira posição na edição deste ano da feira – as apresentações aconteceram na última semana pela internet, em função da pandemia. Alunas do curso de Engenharia Química, elas desenvolveram um creme hidratante, batizado como Anilex, para aliviar cólicas menstruais. O produto é feito com anis estrelado e terebintina, um óleo com propriedades anestésicas.

A ideia surgiu quando, ao discutir o que poderiam apresentar na feira, uma das colegas reclamou de sentir cólicas. A partir disso, elas começaram as pesquisas para criar um produto que aliviasse as dores. O creme, explicam, tem princípios ativos naturais que ajudam a abrir vasos sanguíneos e agem como analgésico. Em uma embalagem que pode ser carregada na bolsa, diz Luiza, o produto é mais prático do que uma bolsa de água quente, normalmente utilizada nessas situações. E não tem, acrescenta Daniela, efeitos colaterais como sono e cansaço, por vezes provocados por comprimidos.

O trio está finalizando a fórmula do produto e ainda vai submetê-lo a mais testes, para identificar possíveis reações alérgicas e à pele. Elas têm alguma pressa: a divulgação do creme rendeu contatos e potenciais clientes interessadas. Amanda, Daniela e Luiza avaliam criar uma marca de cosméticos, com outros produtos naturais. Mas, como praticamente quase todos os empreendedores de primeira viagem, ainda têm dúvidas de como formatar o negócio e colocá-lo no mercado. Uma mentoria do Instituto Gene, um dos prêmios pela vitória na feira, deve ajudar a clarear o caminho.

Pinça industrial

A segunda colocação ficou com os estudantes Adrielle Machado, Cristian Junkes, Giovani Pellin, Pierro da Silva e Ramon Fernandes, do curso de Engenharia de Produção. Eles criaram uma espécie de pinça que é conectada a uma lança de empilhadeira. 

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A ferramenta, chamada de Forklift Quick-Claw, é encaixada em latões e tambores de 200 litros usados para armazenar matérias-primas em áreas de estoque e produção de empresas. Com isso, ela facilita a movimentação desses recipientes, que antes precisavam ser colocados a mão sobre um pallet.

— O produto também dará mais velocidade ao processo logístico, pois o setup, além de rápido, não precisa que o operador saia da empilhadeira para colocar a ferramenta ou prender o latão — diz Pellin.

Pinça
Ferramenta é usada para facilitar movimentação de tambores e latões (Foto: Divulgação)

Berço adaptado

Um berço adaptado para cadeirantes que pode ser transformado em uma escrivaninha ou mesa ficou com o terceiro lugar da feira. O produto foi criado pelos estudantes Aline da Silva, Ana Carolina Petry e Bruno Guedes Rode, do curso de Arquitetura e Urbanismo. Segundo Aline, o grupo já pensava em trabalhar com algo relacionado à inclusão social e, em pesquisas, identificou baixa oferta de móveis adaptados para pessoas com dificuldades de locomoção.

— Hoje em dia essa ainda é um nicho escasso no mercado — avalia.

Para a feira, eles montaram um protótipo em tamanho reduzido. O berço tem um trocador adaptado, que facilita a tarefa de trocar a fralda de um bebê. Essa parte é “encaixada” e pode ser retirada, transformando o móvel em uma mesa. Aline e os colegas agora vão trabalhar em melhorias de design do produto e já pensam em outros projetos de móveis acessíveis para os demais cômodos da casa.

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Berço adaptado
Móvel foi projetado para ajudar cadeirantes e pessoas com dificuldades de locomoção (Foto: Divulgação)

No total, a edição deste ano da feira teve 45 projetos inscritos. O professor Rodrigo dos Santos Cardoso, que integra o Centro de Ciências Tecnológicas da Furb e coordena o evento, saiu satisfeito com os resultados.

— A qualidade dos projetos surpreendeu. E o pessoal se superou em relação à forma nova de apresentação, on-line — disse à coluna.

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