A Teka tem uma nova presidente. Credores da empresa têxtil blumenauense oficializaram o nome de Fabiane Paula Esvicero para o cargo em assembleia que começou na manhã desta segunda-feira e terminou no meio da tarde no ginásio Galegão. Foi uma eleição praticamente unânime: ela amealhou 99% dos votos dos credores habilitados a participar do processo – entre trabalhadores, fornecedores e instituições financeiras. O outro candidato, Luiz Cezar Vasques Rodrigues, que atuou como diretor na empresa em 2015 e representava oposição ao atual grupo gestor, ficou com apenas 1%.

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O expressivo resultado, que nos bastidores já esperado, representa uma dura derrota ao empresário Frederico Kuehnrich Neto, membro da família fundadora e afastado por decisão judicial do comando da Teka. Ele questiona o trabalho de Fabiane e já acionou a Justiça reivindicando a reintegração ao cargo. Empresas ligadas a ele que se mantêm como acionistas da companhia chegaram a votar pela reprovação das contas do exercício do ano passado.

Fabiane foi nomeada gestora judicial da Teka em julho de 2017 para atuar diretamente e em conjunto com Frederico. Isso ocorreu pouco tempo depois de o juiz Clayton Cesar Wandscheer, titular da 2ª Vara Cível de Blumenau, onde corre o processo de recuperação judicial da empresa, determinar o afastamento de membros dos conselhos fiscal e administrativo. Na época, o magistrado baseou sua decisão em números de uma auditoria que revelou a gravidade do quadro financeiro da companhia.

Os grupos liderados por ambos, no entanto, entraram em choque por divergências sobre os rumos da Teka. Em agosto do ano passado, atendendo a pedido da administradora judicial, Carmen Schafauser, Wandscheer afastou Frederico da função por supostas irregularidades na gestão. Fabiane foi convocada pelo magistrado e aceitou tocar a empresa por um prazo inicial de seis meses. Frederico recorreu da decisão e a Câmara de Direito Comercial do Tribunal de Justiça de Santa Catarina determinou a realização de assembleia para eleição do novo presidente, alegando que essa escolha seria uma prerrogativa dos credores.

Em entrevista exclusiva concedida à coluna em novembro passado, Fabiane falou da situação em que encontrou a empresa e o que estava sendo feito para tentar reverter o delicado cenário interno. A eleição desta segunda-feira a oficializa no posto. Tão logo o resultado foi anunciado, ela teve o nome aplaudido pelas pessoas que ainda permaneciam nas arquibancadas do Galegão. Aos funcionários que a cumprimentavam pela vitória com abraços e apertos de mão, dizia que o trabalho estava apenas começando e que esperava contar com o apoio de todos.

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Questionamentos

Mesmo com a definição tomada em assembleia, a disputa pelo comando da Teka deve continuar nos tribunais. Advogados de credores da companhia contrários ao nome de Fabiane prometeram entrar na Justiça pedindo a anulação do ato. Eles sustentam supostas irregularidades, como ausência de quórum, inaptidão da gestora para exercer a função e o fato de não terem tido direito à palavra no microfone.

Neste último caso, houve princípio de tumulto, o que levou a administradora judicial Carmen Schafauser, que presidia a assembleia, a solicitar reforço policial. Apesar disso, não houve qualquer incidente mais grave.