A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), principal reguladora do mercado de capitais no Brasil, cobrou explicações da Coteminas sobre uma dívida da empresa com um fundo de investimento. O órgão solicitou esclarecimentos após uma reportagem do portal Neofeed – o mesmo que antecipou a fusão entre Arezzo e Grupo Soma – divulgar que a companhia correria o risco de perder a Ammo Varejo, controlada que opera a rede de mais de 200 lojas das marcas Artex, Santista e MMartan, todas com atuação no segmento de cama, mesa e banho.

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Segundo a reportagem, a Farallon Capital, gestora especializada em reestruturação de dívidas, emitiu debêntures (títulos de dívidas) conversíveis em ações em 2022. No total, o fundo teria emprestado R$ 175 milhões à companhia, com garantia de 100% das ações. A operação, ainda conforme o Neofeed, estaria vencida e poderia ser executada.

O que explica a dificuldade da gigante têxtil Coteminas de pagar salários em dia

Diante das informações publicadas, a CVM solicitou esclarecimentos adicionais, detalhes sobre o assunto e também questionou por que a Coteminas não tratou o tema em fato relevante a ser divulgado ao mercado, de acordo com normas estabelecidas pelo órgão.

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A resposta

A Coteminas respondeu ao ofício nesta quarta-feira (7), data limite imposta pela CVM para os esclarecimentos – o descumprimento renderia multa. No documento, assinado pelo presidente Josué Gomes, que também ocupa o cargo de diretor de relações com investidores, a companhia não cita a Farallon, e sim o Odernes, outro fundo de investimento, que subscreveu as debêntures.

A Coteminas alega que as informações relativas à emissão de debêntures foram informadas nas demonstrações financeiras tanto da empresa quanto da Ammo Varejo. A companhia têxtil admitiu que descumpriu cláusulas contratuais do acordo, e que isso foi mencionado em parecer de auditores.

“A AMMO Varejo e sua controladora direta a Coteminas S.A. estão discutindo com o debenturista novos termos em relação ao descumprimento específico”, sustentou a companhia.

Cenário delicado

A Coteminas enfrenta dificuldades financeiras, que inclui salários atrasados. Na terça-feira (6), trabalhadores da fábrica de Blumenau, alvo de demissões em massa, foram até a sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesc) cobrar de Gomes uma resposta sobre atraso no pagamento de vencimentos e rescisões contratuais.

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Em meio à manifestação, o empresário chegou a receber a comitiva para falar do cenário financeiro da companhia.

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