As articulações de municípios e entidades de Santa Catarina junto a laboratórios para viabilizar a compra de vacinas contra a Covid-19 revelam o descrédito do governo federal na gestão da pandemia. Ao anunciarem a abertura de frentes de negociações com fabricantes, prefeitos e empresários deixam claro o descontentamento com a lentidão da imunização da sociedade. A tão aguardada proteção contra o coronavírus está vindo a conta-gotas.
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Na última semana, os 14 prefeitos que integram a Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (Ammvi) decidiram fazer contato com possíveis fornecedores para tentar agilizar a aplicação de doses em moradores da região. Pensando nos associados e em destravar a economia, entidades empresariais como o Sindilojas e o Blumenau e Vale Europeu Convention & Visitors Bureau anunciaram o mesmo. No Estado, a Federação das Indústrias (Fiesc) também já disse estar pronta para adquirir vacinas.
Essa corrida pelo imunizante ganhou novo estímulo depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que Estados e municípios podem comprar doses caso o Ministério da Saúde não cumpra com o Plano Nacional de Imunização. No Senado, a aprovação de um projeto de lei abriu caminho para que a iniciativa privada vá atras de vacinas.
É pouco provável que municípios e associações privadas tenham sucesso na compra, pelo menos por enquanto. Em janeiro, o Butantan já havia suspendido um acordo firmado com a Federação Catarinense dos Municípios (Fecam) para a aquisição da vacina Coronavac depois de o Ministério da Saúde ter requisitado todas as doses produzidas pelo instituto. Na última semana, a Pfizer também disse não ao governo do Estado e à prefeitura de Florianópolis.
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A prioridade dos laboratórios é negociar a venda diretamente com o Ministério da Saúde, a quem cabe liderar o processo de vacinação. Gestores locais e a iniciativa privada sabem disso. Tratativas isoladas em busca da vacina são na verdade um pedido de socorro diante do colapso na saúde e uma forma desesperada de pressionar o governo Bolsonaro a agilizar a compra de mais doses.
O problema é que esse grito parece não estar sendo ouvido. Enquanto o Brasil enfrenta o pior momento da pandemia até aqui, o presidente da República vai na contramão do que pregam especialistas, critica o uso de máscaras e ataca governadores que estão adotando medidas mais restritivas para tentar conter o avanço do vírus.
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