A indústria de Santa Catarina já perdeu pelo menos 165 mil empregos nos últimos 30 dias, desde o início da crise do novo coronavírus. O número consta em uma pesquisa feita pelo Observatório da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), apresentada na tarde desta quinta-feira (16). O setor fechou 2019 com 786 mil empregados e, agora, está com 621 mil, uma redução de 21%.

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O levantamento abrangeu 740 empresas de 17 setores, entre pequenas (até 99 funcionários, 54,3% do total), médias (de 100 a 499 funcionários, 37,6%) e grandes (acima de 500 funcionários, 8,1%), espalhadas por 129 cidades. Foi a partir desta mostra que a Fiesc calculou as projeções para o Estado.

Segundo a pesquisa da federação, já houve retração de 28% na produção industrial (impacto de R$ 3,4 bilhões), queda de 29,1% nas vendas internas (R$ 3,1 bilhões) e tombo de 11% nas exportações (R$ 327 milhões). A estimativa é de uma queda no PIB industrial de 28% (R$ 2,3 bilhões) no período.

Ainda conforme o estudo, os setores de equipamentos elétricos (-41,7%), confecção (-41,4%) e automotivo (-39%) tiveram a maior redução do número de empregos na indústria catarinense. Para o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, esses segmentos dependem muito do comércio, e o fechamento do varejo acabou prejudicando a produção.

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Por outro lado, até mesmo atividades consideradas essenciais e que não interromperam a produção tiveram queda. O emprego na indústria de alimentos, por exemplo, recuou 5,4%. O levantamento mostra que todos os 17 setores consultados enxugaram o quadro de funcionários desde o início da crise.

Na produção, as maiores quedas foram verificadas na indústria cerâmica (-59,1%), de confecção (-52,6%), automotiva (-49,8%), móveis (-47,3%) e na construção civil (-41,6%). Nas vendas para o mercado interno, a indústria da confecção (-54,3%), automotiva (-50,4%), construção civil (-48,2%), têxtil (-44,5%) e bebidas (-43,7%) registraram as principais baixas.

O estudo também consultou as indústrias sobre medidas adotadas para amenizar os efeitos da crise. Além do aumento nos cuidados com a higiene (91,2% do total), 66,4% disseram ter antecipado férias aos funcionários, 54,3% adotaram o home office, 32,7% concederam férias coletivas, 31,1% enxugaram o quadro de colaboradores e 22,7% reduziram a carga horário de trabalho.

Análise

Ao avaliar o quadro, o presidente da Fiesc admitiu que ainda não se sabe até onde vai o estrago na indústria catarinense, mas confessou ter ouvido relatos otimistas de empresários de melhora a partir do segundo semestre, se medidas dos governos ajudarem. Aguiar alertou ainda que a paralisia da atividade econômica pode provocar uma "desorganização da sociedade", já que o desemprego pode deixar milhares de pessoas em uma condição de vulnerabilidade.

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O dirigente também defendeu flexibilização do isolamento, inclusive com a liberação de atividades em cidades onde não há casos confirmados de Covid-19, desde que com controle mais rigoroso nos acessos a esses locais. Na avaliação da Fiesc, vários setores precisarão se reinventar nesta crise, encontrando novas oportunidades e, em alguns casos, redirecionando a produção para áreas com maior demanda. A entidade, inclusive, já se articula para ajudar as indústrias a identificarem essas necessidades.