Bares e restaurantes tiveram o aval do governo de Santa Catarina para voltar a receber o público a partir desta quarta-feira (22), mas nem todos reabriram as portas. Alguns estabelecimentos de Blumenau e região decidiram continuar apenas com o delivery e a retirada de pedidos no balcão. A coluna conversou com empresários do ramo que optaram por manter a operação mais enxuta, pelo menos por enquanto. Os relatos são semelhantes: há uma preocupação grande com a saúde de funcionários e clientes em tempos de coronavírus e dúvidas se as pessoas voltarão a frequentar esses espaços como antes.

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A chef Nana Oliveira, que comanda a Nana Hamburgueria e a pizzaria Negroni 33, diz que respeita a decisão de quem decidiu voltar a receber o público, mas alega que ainda não se sente segura para fazer o mesmo, mesmo com o protocolo de segurança e higiene estabelecido pelas autoridades.

— O fator principal é a segurança. Por mais que existam essas normas de distanciamento, uso de máscaras, você não consegue ter um controle completo. Como vou controlar onde as pessoas foram, se fizeram a quarentena? — questiona.

A chef viu o faturamento despencar 75% desde o início da quarentena. Para contornar a situação, apostou na diversificação do cardápio. Passou a oferecer até churrasco para retirada e disponibilizou kits com ingredientes para que os clientes possam ter uma experiência diferente montando hambúrgueres em casa.

A Factory Beira Rio também decidiu manter apenas o delivery, “preservando o bem-estar da nossa equipe e clientes”, divulgou a casa em um comunicado nas redes sociais. Leonardo Biz, um dos sócios do estabelecimento, teme uma curva acentuada de contaminação pela Covid-19 com o afrouxamento do isolamento e acredita que ainda não é o momento de expor funcionários e consumidores. Por enquanto, acrescenta, também faz mais sentido manter uma operação menor, com menos custos de manutenção.

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— A gente acha que as pessoas não vão frequentar tão rápido — conta.

O Yali, especializado em comida árabe, foi outro restaurante que recorreu às redes sociais para informar que continua atuando apenas por delivery e retiradas no balcão por acreditar que este é o formato mais seguro diante da situação atual. “Isolamento e distanciamento social são o melhor caminho para amenizar o que estamos vivendo”, escreveu a casa em um comunicado.

— Eu acredito que a gente está fazendo a nossa parte — considera Rafael Corbella, um dos sócios do empreendimento.

De Pomerode, o La Spezia já comunicou que, em breve, vai limitar o acesso ao restaurante e trabalhar exclusivamente com reservas de mesa e horário. Por ora, segue atendendo apenas com delivery e retirada no balcão e reforçou a produção de massas congeladas para atender a demanda de entregas. Fernanda Ribas, uma das proprietárias, diz que a casa recebe muitos clientes de outras cidades, o que poderia colocar em risco a saúde da equipe:

— O clima não é de reabrir. A gente acredita que o cenário ainda é de muita incerteza.

Estratégia avaliada caso a caso

O empresário Develon da Rocha, presidente da Associação Blumenau Gastronômico, grupo que reúne cerca de 200 bares e restaurantes da cidade, avalia que cada estabelecimento deve considerar a sua própria realidade antes de tomar qualquer decisão. Para aqueles que já têm um serviço de delivery consolidado, pode fazer mais sentido não reabrir ao público em um primeiro momento.

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Além disso, boa parte dos empresários, diz ele, ainda está observando o comportamento das pessoas. Muitos acreditam que a recuperação da confiança e do consumo será lenta, o que não compensaria um retorno 100% da operação — que geraria mais custos de manutenção. Já para os restaurantes onde o forte são os buffês, o protocolo da higiene, acrescenta Develon, deve ser reforçado.

— Cada estabelecimento tem a sua estratégia. Para muitos não compensa ter a operação aberta neste momento — admite.