Desde o início da quarentena prefeitos catarinenses não pouparam críticas ao governo do Estado. As queixas nem eram tanto pelas medidas restritivas em si, necessárias para evitar uma propagação ainda maior da pandemia e apoiadas quase que de maneira unânime na largada, mas pela maneira como elas foram definidas.

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A partir do momento em que foi se conhecendo melhor o novo coronavírus e suas peculiaridades, muitos deles passaram a cobrar uma participação mais ampla nas discussões, principalmente naquelas ligadas ao retorno da economia e dos serviços públicos. Há um pensamento corrente no meio de que municípios de maior porte não deveriam ser equiparados aos pequenos, por se tratarem de realidades muito distintas. Regras iguais para todos não fariam sentido.

O anúncio até de certa forma surpreendente feito pelo governador Carlos Moisés nesta segunda-feira (20), autorizando o funcionamento de igrejas, shoppings, centros comerciais, galerias, bares, restaurantes, academias e atividades físicas ao ar livre a partir desta semana, atende aos anseios de prefeitos que vinham sofrendo enorme pressão nas suas bases. Pelas sinalizações anteriores, tudo isso só estaria liberado em maio. Ao liberar geral, Moisés, no entanto, compartilha o peso nos ombros com as autoridades municipais.

O governador sempre fez questão de deixar claro que as prefeituras têm liberdade para adotar medidas mais restritivas que as impostas pelo Estado – e que as apoiaria por isso. Dentre as principais cidades, apenas Florianópolis seguiu pelo caminho mais rígido e adiou a retomada, o que se justifica pelo fato de a Capital ser o epicentro da pandemia em território catarinense. Como será daqui em diante, com quase tudo, exceção feita a escolas e transporte coletivo, apto a funcionar?

Aos poucos os prefeitos vão ganhando a autonomia que tanto queriam. A partir de agora, porém, terão de tomar decisões cada vez mais difíceis, considerando a realidade local e dependendo da evolução do quadro da pandemia em seus municípios. Terão de lidar com os bônus e ônus de suas escolhas. Só que desta vez sem poder usar como escudo o argumento de que o Estado não deixa.

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