Ruas vazias, filas em supermercados, lojas fechadas, empresas paradas e muita gente em casa. Cenas como essas não são tão raras assim em Blumenau e em outras cidades do Vale, que ao longo da história se acostumaram a lidar com as cheias. O colega Pancho chegou a comparar o que vivemos hoje a uma enchente sem água, mas com aspectos bem diferentes e outros ainda desconhecidos. Foi certeiro.

Continua depois da publicidade

​Em site especial, saiba tudo sobre coronavírus

Quando a chuva aperta, sabemos exatamente como agir. Temos em mãos a cota de enchente das nossas ruas e monitoramos o nível do rio Itajaí-Açu em tempo real. Com isso, conseguimos nos programar com antecedência e, se necessário, tiramos móveis das casas e buscamos locais seguros. A Defesa Civil já tem um protocolo padrão a cumprir, com abrigos mapeados previamente para casos de emergência. Não podemos impedir a água de subir, mas somos capazes de minimizar os estragos que ela provoca.

Na enchente, buscamos alento olhando para cima. Ao tomar o lugar da chuva, o sol renova as nossas esperanças de que o pior está passando. Desta vez, porém, é tudo diferente. Não há precedentes, o cenário de algumas horas atrás já não vale para o presente e não se tem ideia de quanto tempo tudo isso vai durar. Como tudo que é novo, nos vemos forçados a aprender a lidar com o coronavírus enquanto ele silenciosamente avança sobre nós. A aflição que nos acomete é compreensível. Mas não pode ser porta de entrada para o pânico. Bom senso e pé no chão são fundamentais.

Infelizmente não temos o poder de parar tudo à nossa volta enquanto cientistas e pesquisadores estudam vacinas contra a doença. É como se estivéssemos trocando um pneu de um carro enquanto dirigimos. Mesmo com solavancos, no entanto, ele precisa continuar andando. Felizmente, por outro lado, a maioria de nós tem energia elétrica, internet e acesso à informação pelos canais digitais a nos dar algum conforto. Conforto, aliás, é o que devemos priorizar para aqueles que são ou estão mais vulneráveis agora.

Continua depois da publicidade

Situações extremas costumam revelar a verdadeira faceta das pessoas. Se por um lado ainda vemos gestos egoístas e gente que de maneira inacreditável tenta tirar proveito político ou financeiro do caos social, do outro brotam inúmeros tantos outros exemplos de solidariedade e amor ao próximo, que eu prefiro acreditar que sejam a maioria. Levemos apenas estes conosco. E os multipliquemos no que nos for possível.

Estamos enfrentando um inimigo invisível, que ignora cor, credo ou status social. Lembre-se que enquanto muitos de nós estamos em casa, seguros, há um exército nos hospitais e nas ruas formado por agentes das áreas da saúde e de trânsito, forças de segurança, autoridades públicas, jornalistas e uma série de outros profissionais que bravamente dão sua valiosa parcela de contribuição para amenizar este difícil cenário e conter a histeria coletiva. Acredite: muitos deles estão dobrando o expediente, dormindo pouco e em muitos casos não se alimentando como deveriam. Tudo em nome de um propósito maior, uma vocação em servir e proteger quem amamos.

Aos que estão na linha de frente dessa pandemia, só nos resta compreender como esse trabalho é exaustivo e agradecer eternamente por todo o empenho. Não vestem capa, mas são heróis. Mas também são, acima de tudo, gente de carne e osso, com suas angústias e eventuais fraquezas. Por isso, não atrapalhar é ajudar. Fique em casa. Por você e pelos outros. Prevenção e informação são as melhores formas de combater a doença. Acrescentar uma boa dose de empatia nessa fórmula também não faz mal a ninguém.