Como seria o primeiro dia de Oktoberfest Blumenau sem o coronavírus

Quarta-feira, 7 de outubro de 2020. Se não existisse o coronavírus, hoje seria o dia.

Dia de botar o chapéu, de tirar de algum lugar do armário a bermuda com suspensório (Lederhosen, para os íntimos) ou o vestido. Ou de buscar na costureira o traje típico feito sob medida.

Dia de esperar o Bierwagen passar pelo Centro de Blumenau. E quem sabe ter a sorte de ganhar um chope de graça.

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Dia de pedir autorização da chefia pra sair um pouco mais cedo do trabalho porque tem desfile na Rua XV de Novembro.

Hoje seria o dia de aguardar com ansiedade a sangria do primeiro barril. E nem dar bola se tem autoridade no palco tentando se promover às custas do momento.

Dia de trocar o “ão” por “ón”. E de carregar o “r” na fala sempre que tiver oportunidade.

Dia de resgatar o repertório musical que mistura português e alemão. E de dançar aquelas coreografias que só as nossas bandinhas têm.

Dia de gritar aos quatro ventos “Alô, Plumenal! Pom Dia, Prasil!”.

Dia de brindar com os amigos e erguer a caneca cheia de chope. Daquela marca regional ou nacional, pode até ser de vinho. E depois encarar apertado a fila do banheiro.

Dia de comer uma batata-recheada. Ou de experimentar um prato da gastronomia germânica que, admita, você nem sempre sabe como pronunciar o nome.

Dia de esbarrar com aquelas pessoas que você só vê uma vez por ano, justamente ali. Ou de reencontrar depois de tanto tempo alguém do passado. Ou até mesmo dia de fazer novos amigos.

Dia de entrar no trenzinho puxado por um bando de desconhecidos. Dia de derramar chope sem querer nos outros. De pedir desculpas pelo incidente, mas principalmente de se lamentar pelo desperdício.

Hoje seria o dia de quebrar a rotina do sono em plena quarta-feira. E de já ir pensando na desculpa da manhã seguinte no trabalho. Perdi a hora, o ônibus atrasou. Quem nunca?

Para muita gente que arruma um segundo emprego em outubro, hoje seria o dia de começar a engordar o orçamento da casa. O dia para o lojista e o pequeno empresário darem a largada no pé de meia que muitas vezes sustenta o restante do ano.

Hoje seria dia de tudo isso se estivéssemos em um ano normal. Mas não estamos. 

Por sorte a tecnologia ajuda a registrar em imagens aquilo que cultivamos na memória. Ou vai dizer que você não viu hoje, 7 de outubro, nenhuma foto antiga nas redes sociais de gente trajada, brindando ou curtindo nos pavilhões da Vila Germânica? Ou que se vestiu só pra ficar em casa?

A pandemia postergou encontros e reencontros e pode até ter adiado a alegria, mas não existe vírus capaz de vencer a tradição. Mesmo sem festa, Blumenau vai viver o clima de Oktoberfest em 2020. De um jeito bem diferente e fora do habitual, mas vai.

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