O governo Carlos Moisés ainda busca um rumo para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE) de Santa Catarina. A aposta da vez é no advogado e ex-prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, cuja posse está marcada para a tarde desta segunda-feira (8). Ele será o quinto titular da pasta em pouco mais de dois anos. Reflexo da gangorra política vivida pelo governador, a rotatividade inquieta o setor produtivo por se tratar de uma área de governo que centraliza atividades ligadas a empreendedorismo, tecnologia, inovação e meio ambiente – tudo que faz a economia girar.
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O mais longevo dono desta cadeira no governo Moisés até agora foi Lucas Esmeraldino. O então presidente do PSL viu a pasta cair no colo após contribuir na construção da surpreendente vitória do bombeiro aposentado nas eleições de 2018 e bater na trave na disputa por uma vaga no Senado. Sem muita afinidade com a área, ficou um ano e cinco meses no cargo, de onde saiu para assumir a Secretaria de Articulação Nacional.
Alocado para Brasília, Esmeraldino deu lugar a Rogério Siqueira, ex-presidente do Parque Beto Carrero World. A escolha por um representante da iniciativa privada animou o setor produtivo, que cobrava do governo, a esta altura do campeonato já em meio à pandemia, mais diálogo com entidades e federações de classe.
Siqueira, no entanto, acabou se tornando vítima da conjuntura política. Foi ejetado do cargo por Daniela Reinehr em novembro passado, apenas cinco meses depois de tomar posse. A decisão da vice alçada a governadora em exercício após o afastamento de Moisés no processo de impeachment sobre o reajuste dos procuradores respingou ainda no ex-secretário de Turismo de Blumenau, Ricardo Stodieck, número 2 da pasta à época, o que alimentou antipatia entre empresários do Vale.
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Ato seguinte, Daniela convocou Henry Quaresma, ex-diretor de Relações Industriais e Institucionais da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), para o cargo. Ele nem chegou a esquentar a cadeira: cinco dias após a nomeação, foi exonerado por Moisés, já de volta ao comando do Estado. Desde então, a SDE é comandada por Celso Albuquerque, um nome que sempre se soube que teria prazo de validade. Agora com Buligon, que disse “sim” ao convite feito na semana passada, a pasta volta a abrigar um nome mais político do que técnico.
A SDE costuma ser cobiçada por se tratar de uma vitrine de boas notícias, com atração de investimentos e geração de emprego e renda. O troca-troca na pasta atrapalha o planejamento de médio e longo prazos, mas acaba sendo abafado pelos números positivos da economia catarinense, normalmente bem acima da média nacional – o Estado foi o campeão nacional em geração de vagas de emprego formal no atípico ano de 2020 e bateu recorde de arrecadação em janeiro.
Ainda assim, quem assume qualquer função pública precisa, antes de começar a agir de fato, se inteirar da realidade e montar uma equipe de confiança. Em muitos casos tudo começa de novo, atrasando projetos e demandas que já estavam em andamento. Nos bastidores do meio empresarial, prevalece agora o discurso de que o governador Moisés da segunda metade do mandato é bem diferente do que o da primeira. As recentes escolhas para o secretariado, incluindo a SDE, têm demonstrado isso.
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