Uma das maiores empresas têxteis de Blumenau pediu recuperação judicial. A Lancaster, que atua principalmente na área de estamparia, recorreu à Justiça para renegociar dívidas com credores que chegam a R$ 86 milhões. O processo foi protocolado no dia 8 de agosto na Vara Regional de Falências, Recuperação Judicial e Extrajudicial de Jaraguá do Sul, especializada nesse tipo de ação.
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O pedido ainda está em análise. Em despacho na última sexta-feira (30), o juiz Uziel Nunes de Oliveira deu prazo de 15 dias para que a empresa apresente mais informações sobre a situação financeira. Segundo o magistrado, faltaram, na petição inicial, documentos relativos a demonstrações contábeis e a relação nominal completa de credores.
Na mesma decisão, o juiz derrubou um pedido para que o processo tramitasse em segredo de justiça. Para o magistrado, não há justificativa para a imposição do sigilo.
“Os procedimentos previstos na lei falimentar são públicos e dada sua natureza de processo coletivo, justamente diante do grande número de interesses envolvidos, a publicidade dos atos é medida mínima para garantir o contraditório, sobretudo se considerarmos as duras consequências que poderão ser impostas aos credores”, escreveu.
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Veja mais fotos da Lancaster
Com 41 anos de mercado, a Lancaster, além da estamparia, atua nos ramos de tingimento e compra de tecidos e fios, tecelagem, fabricação e confecção de malhas. A empresa conta com um parque fabril de 30 mil metros quadrados de área construída em Blumenau, onde trabalham cerca de 300 funcionários.
Na petição inicial, a qual a coluna teve acesso, a defesa da Lancaster destaca o pioneirismo, dentro da indústria têxtil, em serviços de estamparia digital e rotativa. A lista de clientes atendidos tem nomes de peso do mercado, como Hering, Riachuelo, Shein, Renner, Farm e Beagle.
A empresa alega que a crise econômica que afetou o Brasil durante a pandemia de Covid-19 – e provocou a paralisação das atividades por 21 dias – fez o endividamento crescer. E que por isso precisou contratar novos empréstimos para continuar com as atividades. Além disso, a companhia sustenta que desde a emergência sanitária os custos operacionais praticamente triplicaram.
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“Expectativa de soerguimento enorme”, diz advogado
O advogado Pedro Cascaes Neto, que tem lastro em casos de recuperação judicial – atualmente ele exerce a função de administrador judicial da Teka, outra gigante têxtil de Blumenau –, representa a Lancaster no caso. À coluna, ele disse que a expectativa para que a companhia dê a volta por cima é grande:
— É uma empresa com uma posição muito sólida no mercado, com parque fabril moderno e estruturado, com colaboradores de muitos anos e muita experiência e que confiam na capacidade de geração de emprego, renda e produtos nesse contexto de mercado que estamos — avalia.
Cascaes Neto também observa que a maior parte da dívida de R$ 86 milhões é com bancos, reforçando que a situação financeira junto a funcionários e fornecedores é mais equilibrada.
— Posso afirmar com toda a certeza que esta é uma recuperação judicial com expectativa de soerguimento enorme – acrescenta.
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