Uma das empresas de moda mais conhecidas de Santa Catarina entrou em recuperação judicial. A Von der Völke recorreu à Justiça para tentar reestruturar a operação e renegociar dívidas com credores que beiram os R$ 50 milhões, sem contar o passivo fiscal, segundo informações dos autos do processo obtidas pela coluna.

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O pedido, apresentado no dia 5 de junho, foi aceito em 22 de setembro pelo juiz Orlando Luiz Zanon Junior, da 5ª Vara Cível de Blumenau. Figuram na ação três empresas que compõem o grupo. O magistrado deu prazo de 60 dias para a apresentação do plano de recuperação judicial, documento em que a Von der Völke deve informar como pretende reerguer o negócio.

Empresa têxtil de Blumenau muda modelo de negócio e decide licenciar marca

Fundada em 2012, a Von der Völke ganhou projeção nacional como marca de roupas masculinas, chegando a vestir algumas celebridades da televisão. Além do negócio de confecção, a empresa investiu também no varejo com lojas próprias e presença em canais de multimarcas.

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Ao buscar a Justiça, a companhia informou que passa por dificuldades financeiras que são fruto de “inúmeras causas”. Entre elas, cita a necessidade de empréstimos para capital de giro e alavancagem do negócio – renegociados com altas taxas de juros –, a greve dos caminhoneiros em 2018 e a pandemia de Covid-19.

“A restrição de acesso ao crédito no mercado e o consequente aumento das taxas de juros geraram endividamentos para as requerentes, que apesar de virem sendo administrados ao longo dos anos, geraram o efeito ‘bola de neve’, revelando-se um desafio hercúleo para o desenvolvimento dos negócio”, diz um trecho da petição inicial.

A Von der Völke alegou ainda que reduziu margens para se manter competitiva diante da “retração do mercado consumidor num país de incertezas políticas”, o que teria provocado vendas com déficit e prejudicado o pagamento de credores – a maior parte deles fornecedores, instituições financeiras e prestadores de serviços – e impostos.

Ajustes

Em maio, a coluna noticiou que a Von der Völke tinha promovido uma profunda mudança no modelo de negócio ao decidir licenciar a marca própria. O movimento, que incluiu a troca de uma grande sede na Rua República Argentina para uma sala menor no Edifício Bauhaus, na Alameda, buscava redução de custos e maior eficiência operacional.

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Além dessa mudança, a empresa informou ainda no pedido de recuperação judicial que fechou lojas localizadas no Balneário Camboriú Shopping e no Outlet Fashion, em Tijucas, como forma de tentar amenizar os prejuízos e viabilizar a superação da crise do negócio. Outras ações incluíram a contratação de uma consultoria empresarial.

“Contudo, é fundamental destacar que se por um lado a crise é presente e relevante, isso não significa, de forma alguma, que seja irreversível, muito pelo contrário”, defende a defesa da empresa na petição inicial do processo de recuperação judicial.

Contraponto

A coluna fez contato com a Von der Völke para comentar o assunto, mas não teve retorno até o momento desta publicação. O espaço está aberto para a manifestação da empresa.

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