Eu trabalhava na editoria de economia do jornal A Notícia, de Joinville, em 2013 quando a BMW começou a construir sua primeira fábrica de carros de luxo no Brasil na cidade vizinha de Araquari. Logo que a operação foi anunciada, um ano antes, olhares do mundo todo começaram a se voltar à região Norte de Santa Catarina. O que havia de diferente ali capaz de seduzir uma marca de renome internacional? Um conjunto de fatores acabou pesando na decisão final da montadora alemã em lá erguer um parque fabril: incentivos fiscais, localização estratégica (terreno às margens de uma rodovia duplicada e próximo a portos e aeroportos) e qualificação da mão de obra do setor metalmecânico foram alguns dos principais.

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Por que estou contando essa história? Porque investimentos de grande porte como esse têm potencial para criar grifes. Ao se instalar em Araquari, a BMW, além de colocar o nome da pequenina e até então pouco conhecida cidade no mapa mundial do mercado de veículos, atraiu empresas de fora para o seu entorno. De fornecedores locais, a montadora exigiu nível altíssimo de qualidade. Subiu a régua, o que forçou esses parceiros a melhorarem processos – como consequência, eles passaram a ser mais ágeis e competitivos.

Realidades distintas à parte e guardadas as devidas proporções, algo semelhante está acontecendo em Blumenau. Com a inauguração da nova sede da HBSIS, na quinta-feira à noite, a cidade ganha um reforço de peso para o seu polo tecnológico. É aqui que a Ambev, como a coluna já havia antecipado, vai concentrar, a partir da HBSIS, o desenvolvimento de novas tecnologias que serão aplicadas para modernizar o dia a dia operacional da cervejaria no Brasil e na América Latina. O quadro da empresa, hoje em 600 funcionários, deve dobrar de tamanho nos próximos anos. De imediato, há 100 vagas abertas aguardando candidatos.

Ao colocar Blumenau em posição de destaque dentro de seus planos de crescimento, a Ambev repete a estratégia adotada recentemente por outras multinacionais, como T-Systems e Philips. A elas se somam diversas desenvolvedoras de softwares locais que já alcançaram renome nacional, integradas a um ecossistema cada vez mais propício à proliferação de startups e movimentos que estimulam a inovação.

Na falta de rodovias em boas condições, um gargalo histórico para a indústria local, tirar caminhões das estradas e apostar em serviços de alto valor agregado que remuneram melhor os profissionais, casando isso com uma boa qualidade de vida, parece ser o caminho natural para o crescimento econômico da cidade. Trata-se de uma grife tecnológica em constante evolução. E que precisa ser tratada com muito carinho.

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