A sala de 12 metros quadrados parece acanhada, mas soa aconchegante mesmo com o entra e sai de clientes. Ou melhor, amigos: é desta forma que a freguesia – às vezes recepcionada pelo nome, outras com abraços e beijos – é tratada na Kostbar. Foi o que a coluna percebeu em pouco mais de uma hora de conversa com Julia Voltolini da Silva e Lilian Kreutzfeld na manhã da última terça-feira. Algumas horas antes, na segunda à noite, as duas, junto de Marlon Correia, marido de Julia e terceiro sócio do negócio, celebravam a conquista do Prêmio Gustav Salinger, iniciativa da Acib que reconhece o empreendedorismo local, na categoria comércio.

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Mas o que, além do tratamento intimista dispensado a quem passa pela porta, a pequena lojinha na Rua Dr. Luiz de Freitas Melro, próximo ao Hospital Santa Isabel, no Centro de Blumenau, tem de tão especial? A resposta: chocolates. Vários tipos deles. Entre bombons, barrinhas, trufas e biscoitos, são mais de 50 itens no cardápio – todos com a opção de acompanhamento de um bom café. A lista tem algumas excentricidades, como uma barra de chocolate com lúpulo – não poderia ser diferente na capital brasileira da cerveja – e um bombom recheado com queijo fundido.

É Lilian a mente por trás da maioria das criações. Quinze anos atrás ela começou a fazer ovos de Páscoa em casa para atender encomendas de amigos. Como em muitas trajetórias empreendedoras, o hobby e a fonte de renda extra acabaram virando negócio, mas nada foi imediato. A empresa mesmo só ganhou forma em 2014 depois de uma experiência com o programa Empretec, do Sebrae, e o reforço do casal de amigos. Estava montada a base do tripé: Lilian na produção, Julia no atendimento e Marlon no administrativo.

Kostbar
Cardápio inclui mais de 50 itens, a maioria chocolates, mas também café (Foto: Patrick Rodrigues)

No início, as vendas do então Clube Chocolateria eram limitadas às redes sociais e, depois, ao Schokowagen, um carro de chocolate criado para atender eventos e feiras. Quando começaram a vislumbrar cenários de crescimento, os sócios perceberam um dos grandes desafios do negócio: vencer a sazonalidade, uma característica desse tipo de produto.

— Por três anos a fábrica se manteve com as vendas de Páscoa e Natal — lembra Julia.

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Foi quando a empresa decidiu dar um novo salto. Uma consultoria recomendou um reposicionamento de marca. A orientação foi trabalhar com produtos ainda mais exclusivos, com acabamento e embalagens diferenciados. O processo acabou culminando em uma mudança de nome. A Clube Chocolateria se tornou Kostbar, que significa “precioso” em alemão. Tinha tudo a ver com a percepção que os clientes tinham quando viam os chocolates principalmente como opção de presente.

— As pessoas ficavam encantadas, era como se estivessem dando uma joia — conta Lilian.

A loja própria só foi inaugurada em agosto do ano passado, e acabou ajudando o trio de sócios a “experimentar” o mercado. A sazonalidade do produto vem sendo compensada com a criação de bombons inspirados em outras datas comemorativas ao longo do ano. Em outubro, por exemplo, o Dia das Bruxas rendeu chocolates em formato de fantasmas. Nos meses de mais calor, principalmente a partir de janeiro, a Kostbar estuda acrescentar no cardápio opções com sorvete. São testes que contribuirão para a maturação do negócio, que a empresa já começou a avaliar transformar em uma rede de franquias no futuro.