Quatro anos depois de se sagrar a melhor cervejaria artesanal de grande porte do país no Concurso Brasileiro de Cervejas disputado em Blumenau, a Cervejaria Backer entrou em recuperação judicial. O processo foi protocolado na 2ª Vara Empresarial de Belo Horizonte (MG), onde fica a sede da empresa. O pedido apresentado pela Backer foi deferido no dia 19 de junho pelo juiz Adilon Cláver de Resende. As dívidas somam R$ 55,4 milhões.

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Antes celebrada como uma das principais expoentes do ramo, a Backer foi do céu ao inferno neste período. Em 2019, depois de ter conquistado a honraria na competição catarinense, a Backer também chegou a ser agraciada com o título de melhor cervejaria artesanal das Américas na Copa Cervezas de América, disputa no Chile que reuniu 350 participantes. No fim daquele ano, no entanto, a marca se envolveu em uma crise sem precedentes no mercado cervejeiro.

Pelo menos 29 pessoas foram intoxicadas depois de consumirem a cerveja Belorizontina, fabricada pela empresa na época. Dez delas morreram. Análises no produto detectaram a presença de dietilenoglicol, substância utilizada na indústria para refrigeração de tanques, mas que pode provocar náusea, vômito e dor abdominal e evoluir para casos de insuficiência renal e problemas neurológicos se ingerida.

Diante do escândalo, a Backer precisou recolher lotes de cervejas que já haviam sido distribuídas ao mercado e teve a fábrica interditada por pouco mais de dois anos. A produção em Belo Horizonte só foi retomada em abril de 2022. Na petição em que pede o deferimento da recuperação judicial, a empresa informa que a paralisação das atividades e o pagamento de indenizações e de despesas médicas das vítimas comprometeram a situação financeira do negócio.

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No documento, a Backer cita ainda que buscou parcerias para retomar a produção de alguns rótulos. Mas acrescentou que “o cenário de incertezas políticas vivenciado em razão da alternância de governo” fez com que investidores dispostos a abraçar o projeto recuassem.

“Em outras palavras, a Backer se viu e hoje se vê em uma crise econômico-financeira em que precisa escolher onde aplicar seus recursos e capital de giro: ou cumpre suas diversas obrigações sujeitas a este procedimento ou aplica na compra de insumos e matéria prima para produzir e atender à demanda do mercado”, narram advogados da empresa na petição.

A Backer foi fundada em 2000 e coleciona dezenas de prêmios e medalhas em competições cervejeiras nacionais e internacionais. No seu auge, em 2019, chegou a empregar mais de 300 pessoas e ter 1,6 mil pontos de venda no Brasil, entre bares, restaurantes, supermercados e distribuidoras. A fábrica mineira tem 70 tanques de produção, mas atualmente opera com menos de 10% da capacidade.

Apesar de toda a crise, a empresa diz que vem reconquistando posições de revenda de seus produtos.

“A verdade é que, voltando seu foco para a produção necessária a atender a certa e crescente demanda de um mercado ávido pelo que a Backer sabe fazer de melhor –  suas cervejas artesanais –, não apenas será possível traçar um plano de reestruturação firme e mais vantajoso aos seus credores, como toda uma cadeia – fornecedores de insumos, novos postos de trabalho, aumento da arrecadação – será movimentada”, descreveu a empresa no pedido apresentado à justiça.

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Ao deferir o pedido, o juiz determinou que sejam impedidos os cortes de água e energia elétrica da fábrica e proibiu que a empresa seja despejada do imóvel, que é alugado. O entendimento do magistrado foi de que a manutenção plena do parque fabril é condição indispensável para a Backer tentar reverter o cenário.

A empresa também se comprometeu em apresentar, no prazo de 60 dias a partir do deferimento, um plano de recuperação judicial, que indicará como pretender pagar as dívidas.

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