Depois da Americanas, mais uma grande varejista brasileira se vê em apuros financeiros e recorre a um plano para renegociação de dívidas bilionárias. A Casas Bahia sacudiu o mercado ao anunciar um pedido de recuperação extrajudicial que prevê a reestruturação de um passivo de R$ 4,1 bilhões junto a instituições financeiras, fruto da emissão de debêntures.
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Em nota, o presidente da gigante de móveis e eletros, Renato Franklin, disse que a reestruturação da dívida “endereça de forma substancial a estrutura de capital e fluxo de caixa” da Casas Bahia para os próximos anos.
“Desde a minha chegada em maio de 2023, tínhamos um objetivo claro de equacionar a estrutura de capital e perfil do endividamento dado um cenário macroeconômico desafiador, com elevadas taxas de juros”, destacou o executivo em comunicado – a companhia também alegou prejuízos acumulados desde a pandemia de Covid-19.
A Casas Bahia classifica a reestruturação de “plano de transformação”, que teve início em 2023. Na prática, a varejista está “empurrando” o pagamento da dívida, inclusive com carência de 24 meses para pagamento de juros, para liberar fluxo de caixa e ganhar fôlego financeiro mais imediato. O alongamento do prazo médio da dívida sobe de 22 para 72 meses, com redução de juros.
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Para isso, no entanto, a companhia precisava do aval de credores – o Banco do Brasil e o Bradesco são alguns dos principais. A Casas Bahia informou que o plano teve aprovação de cerca de 55% dos créditos sujeitos, índice suficiente para atender o quórum mínimo necessário.
A recuperação extrajudicial é diferente da judicial. No primeiro caso, há um acordo direto para renegociação da dívida entre empresa e credor. No segundo, que é mais complexo, existe a figura de um administrador judicial nomeado pelo poder Judiciário, que fiscaliza o processo.
Segundo a companhia, o plano de recuperação extrajudicial permite ainda que credores convertam parte dos créditos sujeitos em participação societária – funcionaria como uma “troca” da dívida por ações.
“Era evidente que precisávamos realizar os ajustes na estratégia e executar as iniciativas operacionais e assim poder pleitear alterações relevantes na estrutura de capital. A execução do plano de transformação como um todo está rigorosamente dentro das expectativas, e temos atualizado o mercado nos últimos dois trimestres”, destacou Franklin.
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O executivo acrescentou ainda que o escopo da recuperação é limitado a credores financeiros e que, “no restante, temos uma vida normal sem impacto para clientes, colaboradores, fornecedores, sellers e parceiros”.
“À medida que avançamos com a execução do plano de transformação, mesmo diante de um cenário macro ainda desafiador, nos preparamos para um ciclo de crescimento sustentável para sermos a melhor varejista especialista de eletroeletrônicos e móveis do Brasil”, acrescentou Franklin.
Ainda não está claro se a medida resultará, por exemplo, em fechamento de lojas.
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