A AfroCerva, um coletivo formado por profissionais negros do mercado cervejeiro, divulgou nesta quarta-feira (17) uma carta aberta em que manifesta repúdio e indignação à organização do Concurso Brasileiro de Cervejas (CBC), tradicional competição do segmento que acontece todos os anos em Blumenau.
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Segundo o coletivo, um dos componentes da comissão organizadora do concurso esteve envolvido em ataques racistas em grupos de cervejeiros que vieram à tona em setembro do ano passado.
“Parece óbvio que não é possível admitir esse tipo de comportamento. Mas só parece. Ainda há quem ignore a discussão da pauta antirracista e, em vez de dar exemplo, siga desrespeitando pessoas pretas, o mercado e uma discussão cada vez mais relevante pra evolução do mercado”, escreveu a AfroCerva na carta, publicada nas redes sociais.
O coletivo cobrou um posicionamento da organização, dos patrocinadores e dos apoiadores da competição.
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“Este mercado, assim como a sociedade, não pode mais ser condescendente com racismo, homofobia, machismo e demais formas de preconceitos”, acrescenta a carta.
O documento não cita nomes, mas o assunto é recorrente no meio cervejeiro já há algum tempo, apurou a coluna. A manifestação pública foi a maneira encontrada pelo coletivo para tirar a discussão dos bastidores, segundo Paulão Silva, membro da AfroCerva.
— O que fica parecendo é que está todo mundo quieto esperando a poeira abaixar e voltar tudo ao normal — diz.
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Para Silva, a informação apurada junto a fontes do setor foi recebida como um “soco no estômago”. O coletivo, de acordo com ele, espera uma resposta do CBC, transparência na divulgação da lista de integrantes da comissão organizadora e do corpo de jurados e o afastamento do profissional em questão.
Contraponto
Responsável pela organização do CBC, a Associação Blumenauense de Turismo, Cultura e Eventos (Ablutec) disse que não tinha sido procurada oficialmente pelo coletivo AfroCerva para tratar do assunto até a tarde desta quinta-feira (18).
À coluna, o presidente Develon da Rocha confirmou que leu a carta, mas que ainda precisava se aprofundar no tema para definir quais providências tomar. Segundo ele, a entidade repudia todo e qualquer ato de racismo.
Entenda o caso
Em 2020, a sommelière Sara Araújo foi vítima de ataques racistas e machistas – que nem valem a pena serem reproduzidos aqui – em grupos de WhatsApp onde estavam cervejeiros de todo o Brasil. Na época, o caso ganhou projeção nacional e chegou a ser tema de reportagem do Fantástico, da Rede Globo.
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A situação envolveu também a cervejaria gaúcha Implicantes, cujos proprietários são cervejeiros negros. A empresa foi atacada após fazer um financiamento coletivo para retomar a produção impactada pela pandemia.
O vazamento das mensagens e a repercussão do caso provocaram mudanças na Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva). Membros da diretoria da entidade à época renunciaram aos cargos.
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