Candidatos campeões de votos em Blumenau em 2018 viram o apoio do eleitor minguar em 2022 e amargarão pelo menos mais dois anos longe de cargos eletivos. O pleito de domingo (2) escancarou que o prestígio nas urnas alcançado em uma eleição está longe de garantir sucesso na seguinte. E que o comportamento de quem decide é bem mais imprevisível do que se pode imaginar.

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Deputado estadual mais votado da atual legislatura, Ricardo Alba fez incríveis 36,3 mil dos seus 62,7 mil votos em Blumenau há quatro anos pelo PSL, disparado o melhor resultado entre os postulantes à Assembleia Legislativa na época – o segundo foi Jean Kuhlmann (PSD), com três vezes menos (11,2 mil). Em 2022, Alba tentou alçar voo mais alto. Concorreu à Câmara dos Deputados e até teve um bom desempenho, mas os 48.904 votos – 19.561 dentro da cidade – foram insuficientes para carimbar o passaporte rumo à Brasília. Restou a primeira suplência pelo União.

Em 2018, Rui Godinho, também na época pelo PSL, fez 56.785 votos na campanha para deputado federal. Do total, 32.121 vieram de Blumenau, mais do que o dobro do segundo colocado – Ericsson Luef (MDB), com 14.990. O agente de polícia não se elegeu para a Câmara dos Deputados, mas o bom resultado das urnas lhe abriu as portas do governo do Estado com uma indicação para o comando da Fundação Catarinense de Esportes no início da gestão de Carlos Moisés. Apesar da visibilidade, o cenário foi bem diferente em 2022. Disputando o mesmo cargo, Godinho contabilizou somente 6.397 votos, 3.100 deles depositados na cidade.

Na corrida ao Senado em 2018, Lucas Esmeraldino (PSL) foi o candidato mais escolhido pelo blumenauense, com 77.055 votos, à frente inclusive dos eleitos Esperidião Amin (PP) e Jorginho Mello (PL). Quatro anos depois, agora concorrendo a deputado federal pelo Republicanos, o ex-secretário de Estado e aliado de Carlos Moisés (Republicanos) totalizou 24.275 votos em todo o Estado, com somente 134 dados pelo eleitor local.

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Por fim, o próprio governador candidato à reeleição acabou rejeitado em Blumenau. No primeiro turno de 2018, Moisés (então no PSL) somou 69.894 votos na cidade, o equivalente a quase 39% na disputa pelo comando do Estado. Quatro anos depois e mesmo com a máquina pública na mão e o apoio do prefeito Mário Hildebrandt (Podemos), o resultado ficou restrito a um terço daquilo: foram apenas 22.609 votos.

Os campeões de voto na cidade tinham algo em comum em 2018: todos disputaram a eleição com o mesmo número 17 de Jair Bolsonaro e foram puxados pelo tsunami bolsonarista que atingiu o Estado. Estes mesmos nomes tiveram outra coisa em comum em 2022: figuraram nas urnas carregando números diferentes do presidente, o que ajuda a explicar, em parte, a queda de desempenho.

Só o próprio Bolsonaro, aliás, ainda tem chance de manter o título de 2018 entre os blumenauenses. Para isso, “basta” vencer o ex-presidente Lula (PT) no segundo turno presidencial no fim do mês.

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