A fábrica da BMW em Araquari, no Norte de Santa Catarina, está preparada para produzir carros elétricos – se houver demanda suficiente do mercado para isso. Quem garante é Otávio Rodacoswiski, diretor-geral da planta catarinense, em entrevista exclusiva concedida à coluna nesta semana.
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Hoje a unidade concentra a produção de quatro carros – Série 3, X1, X3 e X4 –, todos a combustão. Mas a estrutura, diz o executivo, “é flexível” e capaz de fabricar qualquer tipo de veículo do grupo. Em 2015, por exemplo, a BMW chegou a anunciar a montagem de exemplares do Countryman, da marca Mini, no Estado – o modelo acabou saindo da linha mais tarde.
Atualmente a fábrica catarinense tem 600 funcionários e produz 10 mil carros por ano, volume bem abaixo dos 32 mil possíveis de se montar. Apesar da subutilização da capacidade instalada, a montadora alemã parece estar satisfeita com o desempenho no mercado nacional.
— Hoje, de cada três veículos premium vendidos no Brasil, um deles é Série 3. Metade do mercado é da BMW — diz Rodacoswiski.
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No ano passado, a montadora alemã anunciou investimento de R$ 500 milhões em Araquari, a serem destinados até 2023. Com este aporte, o grupo acumula um desembolso de R$ 1,3 bilhão desde que chegou ao Estado – a planta foi inaugurada em 2014. Segundo o diretor geral, trata-se de uma das principais fábricas do grupo, responsável principalmente por abastecer o Brasil.
Confira a íntegra da entrevista com Otávio Rodacoswiski, diretor-geral da BMW
Engenheiro mecânico com 20 anos de experiência na indústria automotiva, Otávio Rodacoswiski é paranaense e acaba de completar um ano à frente da fábrica da BMW em Santa Catarina. Depois de três alemães, ele é o primeiro brasileiro a ocupar o cargo. Antes de assumir a função, passou por unidades da montadora na Áustria e na Alemanha e pela planta de motocicletas do grupo em Manaus (AM).
Quanto a BMW já investiu na fábrica de Araquari?
Nestes oito anos a gente tem R$ 1,3 bilhão investidos, já incluindo R$ 500 milhões entre 2021, 2022 e 2023 para colocar os novos produtos, a nova X1, X3, X4 e Série 3, toda frota renovada. No total, é o que já temos gasto na fábrica.
Desse aporte de meio bilhão de reais anunciado em 2021, quanto já foi investido? Ele está sendo aplicado em quê?
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É um investimento ao longo de três anos. Ele se divide entre a área de produção e a área de engenharia. Não é nem 100% para um, nem para outro. Mais ou menos metade já foi, mas vamos completar o investimento até o fim de 2023. O principal foco são os novos modelos e o desenvolvimento de tecnologias que a gente faz também aqui no Brasil para o mercado mundial.
Tem algum novo veículo que a BMW estuda produzir?
Temos os já anunciados, a nova Série 3 e a nova X1. São os nossos principais produtos, que estão vindo logo. Em breve saem do forno. O novo X3 e o novo X4 já foram anunciados e estão sendo comercializados, também produzidos aqui em Araquari.
Existe previsão ou intenção de produzir veículos elétricos no Brasil?
A gente fala internamente que a produção deve seguir o mercado. O que estamos sempre olhando é a demanda para motor a combustão, híbrido ou elétrico. A fábrica é flexível e é capaz de produzir qualquer um deles. Agora temos um portfólio completamente a combustão porque ainda é a principal demanda, mas a gente continua observando e pronto para começar (a produzir modelos elétricos) assim que tiver necessidade.
A planta tem uma capacidade instalada para produzir 32 mil veículos por ano, mas está produzindo 10 mil. Essa quantidade era prevista?
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Quando a fábrica foi inaugurada, havia um plano para 32 mil (veículos) ano. Era a expectativa de crescimento do mercado brasileiro. Não é uma questão da nossa marca, mas do mercado global e do segmento premium. A gente cresceu antes de ter a fábrica e depois melhorou, com volume maior. Porém ficou estável ao longo dos anos. Apesar de estar em 10 mil e a gente não usar 100% da nossa capacidade instalada, a BMW hoje é líder de mercado. Para o mercado brasileiro, o desempenho é muito bom.
O segmento premium foi menos afetado na pandemia?
Não sei especificar o segmento premium comparado com o restante. Ele também encolheu um pouco, mas o principal ponto é que nosso market share melhorou muito. Hoje de cada três veículos premium vendidos no Brasil, um deles é uma Série 3. Metade do mercado é BMW. A gente teve uma procura e uma aceitação do público muito boa pela nossa marca. Isso foi muito impulsionado pela presença da fábrica no Brasil.
Qual a importância desta unidade para a BMW em termos globais?
É uma unidade muito importante. Temos os big players, que são as fábricas grandes, e as fábricas de um volume um pouco menor, como a nossa. Mas ela (a de Araquari) é uma das principais fábricas na nossa rede de produção mundial, todos os nossos sistemas de qualidade são conectados nessa mesma rede. Temos também muitos intercâmbios, viagens e treinamentos junto com o pessoal das plantas-mãe, que a gente chama. Tem muita gente indo para os Estados Unidos, Alemanha, Índia, Tailândia.
Há particularidades de acordo com o mercado de atuação. Em relação à Alemanha, onde está a matriz, qual a diferença do comportamento do consumidor de lá para o daqui?
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O Brasil é um país continental. O brasileiro diz que vai dar uma volta de carro e viajar. Na Alemanha, se você andar uma hora de carro, você está em outro país, dependendo da região. Mas o hábito do consumidor brasileiro para esse segmento premium é muito comparável com o do alemão. A configuração dos nossos carros é top de linha, também comparando com outros mercados globais. O brasileiro gosta e é exigente. Estamos, eu diria, atendendo bem e funcionando com o que o mercado demanda em relação à nossa fábrica.
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