Um verdadeiro tesouro repousa em uma acanhada sala de 20 metros quadrados localizada em Blumenau. No já apertado espaço o empresário Henrique Bilbao mantém 1.115 itens relacionados à Apple, a gigante americana que nasceu em uma garagem para ajudar a revolucionar o mercado mundial de informática. Entre grandes peças amareladas pela ação do tempo e produtos que hoje cabem na palma da mão ou no bolso, é possível fazer uma pequena viagem na história da evolução da tecnologia.
Continua depois da publicidade
A maior parte do acervo é formada por equipamentos eletrônicos. São dezenas de computadores, notebooks, mouses, teclados e os mais variados dispositivos móveis, de iPods a iPhones. Há lugar também para diversos acessórios como bonés, canecas, broches, revistas, camisetas de eventos e lápis, entre tantos outros, que carregam a marca da maçã. Muitos são raros e valeriam um bom trocado – embora, como bom colecionador, Henrique diga que não há dinheiro que os compre.
A coleção também tem exemplares de produtos que a Apple não fabrica mais hoje em dia, como servidores, câmeras e impressoras. Eles representam um retrato de que mesmo uma companhia líder de mercado e objeto de desejo de consumidores em todo o mundo também teve seus fracassos. Até videogame a empresa já fez – mas o projeto, como esses demais, não vingou.
Formado em Ciências da Computação pela Furb, Henrique começou a coleção em 2005, com peças doadas por um ex-chefe. Desde então, foi construindo uma rede de relacionamentos com outros admiradores e colecionadores da marca, o que o permitiu ir ampliando o portfólio aos poucos. Alguns dos itens ele comprou. Questionado se sabe quanto já gastou nesta brincadeira, responde com bom humor:
— Não tenho noção e nem quero saber.
Continua depois da publicidade
Ele diz que, hoje, reúne o maior acervo da Apple do Brasil, o que seria referendado por especialistas. Ainda assim, calcula acumular apenas 20% dos lançamentos já feitos pela empresa desde a sua fundação, em 1976 – o item mais antigo da coleção é um computador Apple 2 Plus, datado de 1979. Henrique tem pelo menos um exemplar de praticamente todas as famílias de produtos, mas nem todas as inúmeras versões de cada um deles. O objetivo, claro, é ampliar cada vez mais essa variedade, mas os repetidos não são descartados: podem se transformar em valiosa moeda de troca nessa busca.
Parte desse rico material já chegou a ser exposta, mas Henrique sonha mais alto. Pensa em um museu fixo, em local mais apropriado e aberto à visitação. O próximo passo é desenvolver um projeto para tirar a ideia do papel.
Contato com co-fundador da empresa e ameaça de processo
A relação de Henrique com a Apple já rendeu momentos de grande alegria, como o fato de o blumenauense ter conhecido pessoalmente e ter a oportunidade de fazer perguntas a Steve Wozniak, co-fundador da empresa ao lado de Steve Jobs, e também de certa tensão. Para eternizar o registro da coleção, ele criou um site chamado museuapple.com.br. A notícia, no entanto, chegou até o comando da companhia, nos Estados Unidos.
— Recebi uma ligação de advogados dizendo que estavam com um processo pronto — lembra.
Os representantes da marca, no entanto, foram atrás do histórico de Henrique e descobriram que ela era um grande fã da Apple. Então fizeram uma proposta: o poupariam de um questionamento judicial por violação de direitos autorais caso ele retirasse o nome da empresa do domínio. O empresário recebeu da própria companhia uma lista de restrições. Nela não constava a expressão “iMuseum”, que passou a nominar a página virtual (imuseum.com.br). Quem quiser contribuir com a coleção ou trocar figurinhas sobre a empresa, aliás, pode fazer contato por lá.
Continua depois da publicidade

Além da admiração
Henrique não é apenas um admirador da Apple. Também coleciona certificações concedidas pela empresa e já empreendeu em parceria com ela. Junto com a irmã, Ana, abriu em 2009 a Hi Soluções, revenda autorizada e centro de serviços credenciado pela marca. Mais tarde, deixou a sociedade para se focar na área de desenvolvimento. Acabou fundando a Ezok, que hoje desenvolve robôs com inteligência artificial usados em chats de empresas com seus clientes. No final do ano passado, galgou novo degrau, no associativismo, ao ser eleito presidente do Blusoft, entidade que atua no fomento à inovação em Blumenau.
Confira mais fotos do acervo:





